Por Willian Novaes
Fabiano e Baleia voltaram à realidade na primavera de 2021.
Renasceram da dureza da vida, dos tempos sombrios. Do cinismo do capitalismo. Da crueldade de quem manda no país.
A tristeza de vidas secas em tempos tão modernos é de acabar com os sonhos e esperanças. Ande nas ruas, olhe pro lado do seu visor e veja as latas sendo aquecidas por braseiros em plenas avenidas milionárias. Os acampamentos dos sem teto, sem comida e sem dignidade estão espalhados por tudo o que é canto. A fome que sempre existiu agora agiganta em nosso Brasil desgovernado de 2021.
Lembro de uma mulher rica me afirmando que índio não serve para nada. Juro que quando ouvi isso não entendi, mas que merda ela está falando. Discutíamos o papel dos sem-terra, aí com raiva nos olhos ela gritou:
–Pior que os sem-terra são os índios.
Ela falava com frieza e hoje entendo ainda mais aquela fala de quem enfeitou a casa para promover esse presidente genocida. Imaginando ela olhando com desprezo essa foto de uma criança yanomami de 8 anos que pesa apenas 12 quilos em 2021.
A fragilidade desse corpinho me choca, junto com a manchete de ontem do UOL, das pessoas que desmaiam de fome em plena primavera de 2021 em São Paulo.
Eis um Brasil que assola os mais carentes, ainda mata os jovens negros e periféricos, beneficia os mesmos de sempre, que vivem na sua ignorância e maldade com visitas esporádicas para Miami.
Dizem que um país nunca morre, hoje tenho dúvidas…
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