Cerca de 50 milhões de norte-americanos ainda não se vacinaram contra a covid-19
Diante do avanço da ômicron,
entidade referência em saúde reforça a necessidade de dose de reforço para idosos
e pessoas com outras doenças.
Por Tiago Pereira, da RBA
São Paulo – “Há evidências
consistentes de que a ômicron está se espalhando significativamente mais rápido
do que a variante delta” afirmou nesta segunda-feira (20) o diretor-geral da
Organização Mundial de Saúde (OMS), Tedros Adhanom. Em entrevista coletiva, em
Genebra, na Suíça, ele alertou para o risco da nova variante causar infecções
entre vacinados e pessoas que se recuperaram da covid-19. “É mais provável que
as pessoas vacinadas ou recuperadas da covid-19 possam ser infectadas ou
reinfectadas”, acrescentou.
Nesse sentido, a cientista-chefe
da OMS, Soumya Swaminathan, classificou como “pouco inteligente” subestimar a
gravidade da ômicron. “É provavelmente pouco inteligente relaxar e pensar que
esta é uma variante leve, que não causará uma doença severa. Penso que, com os
números subindo, todos os sistemas de saúde estarão sob pressão”, declarou.
Essa percepção da ômicron como
mais leve, segundo ela, seria em função de um estudo realizado na África do
Sul. O levantamento, feito por uma rede de saúde privada em parceria com o
Conselho de Pesquisa Médica da África do Sul (SAMRC), identificou menor
percentual de internação pela nova variante. No entanto, de acordo com a
cientista-chefe da OMS, pode haver uma “impressão enganosa” devido aos altos
níveis de imunidade causados pelas ondas de infecção que antecederam a ômicron.
Assim como o diretor-geral da
OMS, Soumya disse que a variante está evitando com sucesso “certas respostas
imunológicas”. Em função disso, ela orienta que os países que já estão
aplicando doses de reforço devem priorizar pessoas com sistema imunológico mais
fracos. Por outro lado, a cientista disse não acreditar que as vacinas contra a
covid-19 “se tornarão completamente ineficazes”.
“Estragos” nos Estados Unidos
O conselheiro da Casa Branca
sobre a covid-19, o médico Anthony Fauci também afirmou que “este vírus é
extraordinário”, referindo-se à ômicron. Ontem (19), em entrevistas às
principais redes de TV norte-americanas – CNN, NBC News, Fox News –, Fauci
também alertou contra o excesso de otimismo sobre a suposta menor gravidade da
variante. Ele insistiu para que os habitantes dos Estados Unidos se vacinem.
De acordo com o jornal The New
York Times, cerca de 50 milhões de norte-americanos ainda não se vacinaram, ao
mesm tempo em que sobram imunizantes no país. Para os que já tomaram as duas
doses, Fauci apelou para que procurem também a dose de reforço.
Ele teme os “estragos” que a nova
variante pode causar, tanto nos Estados Unidos, como ao redor do mundo. No
hemisfério norte, o temor é com o provável aumento do números de novos casos,
internações e óbitos com a chegada do inverno. As regiões do interior dos
Estados Unidos representam risco ainda maior, em razão de concentrarem maior
número de não vacinados.
Se medidas de prevenção não forem
adotadas, Fauci prevê que os hospitais devem ficar “muito sobrecarregados” em
duas semanas. Além da vacina, o médico destacou que os testes PCR também serão
importantes aliados, para evitar que o Natal de 2021 repita a explosão de casos
no ano passado.
A orientação é que as pessoas se
submetam à testagem, caso pretendam comparecer a celebrações em ambientes
fechados. Também sugeriu evitar reuniões se não houver certeza de que todos os
convidados foram imunizados.
Cancelamentos e restrições
Em Nova York, os casos novos de
covid-19 aumentaram 60% na semana encerrada no domingo, em relação à semana
anterior. Durante esse período, três dias seguidos com recordes de casos. Na
última sexta-feira (17), o estado registrou 21 mil novos casos, maior número em
quase um ano. Diante do novo surto da doença, o prefeito de Nova York, Bill de
Blasio, disse que acompanhará a situação nos próximos dias, para então decidir
sobre a manutenção ou suspensão da tradicional festa de Ano Novo na avenida
Times Square.
Em função do avanço da doença, a
Liga Norte-Americana de Basquete (NBA) cancelou dois jogos que ocorreriam neste
domingo (19). Chega a sete o total de partidas já suspensas, em função do
aumento de casos de covid-19 em diversas cidades americanas. Entre casos
confirmados e suspeitos, a entidade afastou 70 jogadores, de acordo com
levantamento da rede de TV CBS. A lista inclui astros como como Kevin Durant e
James Harden. Por sua vez, teatros da Broadway também suspenderam apresentações
por pelo menos uma semana.
Ômicron no Brasil
A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz)
confirmou, no início da tarde desta segunda, o primeiro caso da variante
ômicron no Rio de Janeiro. De acordo com a prefeitura da capital, trata-se de
mulher de 27 anos, residente em Chicago, nos Estados Unidos. Ela buscou
atendimento em unidade de saúde municipal assim que chegou ao Brasil, na
segunda-feira passada (13). A entidade divulgou hoje o resultado do
sequenciamento genômico da amostra da paciente.
Também hoje, a Secretaria de
Saúde de Porto Alegre confirmou dois novos caso da ômicron. Ao todo, chega a
nove o total de casos confirmados da nova variante na capital gaúcha. Os dois
casos são de viajantes procedentes do exterior, sendo uma moradora de Porto
Alegre e a outra, turista. Em todo o país, as autoridades já identificaram 34
casos da ômicron. São Paulo lidera, com 18 infecções confirmadas.
Enquanto isso, o Brasil registrou nas últimas 24 horas mais 70 mortes pela covid-19. No entanto, como vem ocorrendo há mais de 10 dias, os números estão defasados. Novamente seis estados (Acre, Bahia, Goiás, Mato Grosso do Sul, São Paulo e Tocantins) não enviaram dados. Segundo os órgãos de governo, os problemas ainda decorrem da instabilidade no sistema do Ministério da Saúde desde um suposto ataque hacker.
O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, afirmou que o ConecteSUS deve voltar a funcionar na próxima quarta-feira (22). Com o apagão parcial de dados, o total de óbitos confirmados chegou a 617.873.
Além disso, em tais condições de insegurança de dados, as autoridades regionais confirmaram 2.094 novos casos no mesmo período. A coleta de dados é feita pelo Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass). Os casos oficiais registrados seguem em torno de de 22,2 milhões (22.215.856).
Números da covid-19 no Brasil. Fonte: Conass |
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