O nome dele é Joaquín Salvador Lavado Tejón, mas todo mundo o conhece como Quino. Se você ainda não sabe quem é, basta pensar em Mafalda, a principal personagem de um dos mais encantadores cartunistas do mundo. É através dela que ele reflete – usando ingenuidade, humor e sagacidade de criança – política, economia e sociedade, desde 1964, quando "nossa heroína" nasceu. Há dois dias, em 17 de julho, Quino completou 80 anos de questionamentos e de uma inteligência voltada a discutir direitos humanos e capitalismo. Não dava para deixar de falar de alguém que fala de todos nós.
Nas palavras de Umberto Eco:
"A Mafalda não é somente um personagem de quadrinhos; talvez seja o personagem dos anos setenta na sociedade argentina. Se, ao defini-la, usou-se o adjetivo “contestatária”, não foi por uma questão de uniformização em relação à moda do anticonformismo a qualquer preço: a Mafalda é realmente uma heroína iracunda que rejeita o mundo assim como ele é. [...] O universo de Mafalda é o de uma América Latina nas suas áreas metropolitanas mais desenvolvidas; mas é em geral, a partir de muitos pontos de vista, um universo latino e isto faz com que a Mafalda seja, para nós, muito mais compreensível do que muitos personagens dos quadrinhos americanos; além do mais, a Mafalda é, em última análise, um “herói do nosso tempo” e não se deve pensar que esta seja uma definição exagerada do personagenzinho de papel e tinta que Quino nos propõe. Ninguém nega hoje que os quadrinhos (quando alcança níveis de qualidade) é um testemunho do momento social: e na Mafalda vemos refletidas as tendências de uma juventude irriquieta, que assumem o aspecto paradoxal de uma desaprovação infantil, de um eczema psicológico da reação aos meios de comunicação de massa, de uma urticária moral causada pela lógica dos blocos, de uma asma intelectual originada por fungos atômicos. Como os nosso filhos se preparam para tornar-se – por uma escolha nossa – tantas Mafaldas, não nos parece imprudente tratar a Mafalda com o respeito que se deve a um personagem real."
Parabéns, Quino!
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