O MST na Bahia, durante seu Encontro Estadual que teve início na última sexta-feira (6), realizou neste domingo (8) o lançamento da Campanha de Reflorestamento do MST. A ação, realizada no Parque de Exposições Agropecuária de Salvador, contou com mais de 1.500 trabalhadores e trabalhadoras Sem Terra.
Por Coletivo de Comunicação do MST na Bahia
Da Página do MST
Só no estado da Bahia, o MST prevê o plantio de 10 milhões
de árvores nos próximos dez anos. Para 2020, já estão previstas o plantio de
100 mil árvores em cada uma das dez regiões onde o MST está organizado no
estado. Contabilizando, ao todo, o plantio de 1 milhão de mudas no próximo ano.
Na mística de lançamento da Campanha, o Movimento no estado
denunciou as queimadas na Amazônia, o crime de Brumadinho, ocorrido com o
rompimento da barragem de rejeitos da Vale, os monocultivos, o uso intensivo de
agrotóxicos e a concentração de terra na Bahia. Durante o lançamento se
repetiram diversas vezes: “O latifúndio destrói, incendeia, envenena e mata.”
Diversidade florestal contra o deserto verde
A campanha de reflorestamento se posiciona contra os grandes
monocultivos espalhados por toda Bahia. Essas plantações refletem a
concentração de terra nas mãos de empresas multinacionais, entre elas as que
produzem eucalipto, que tem se expandido no Extremo Sul, Sudoeste, Sul, Baixo
Sul, Oeste e Recôncavo no estado.
Além disso, um estudo publicado em setembro de 2017 pelo
Movimento Mundial pelas Florestas Tropicais (MRN) fez uma análise das mudanças
ambientais provocadas pelo monocultivo do eucalipto e diz que essa produção de
celulose abriga em si, disfarçadamente, a utilização de agrotóxicos.
“No Brasil, os agrotóxicos dialogam com o Plano de Metas do
governo brasileiro da época pós-2ª Guerra Mundial que, com ‘auxílio’ dos
Estados Unidos, incluiu a modernização da agricultura, por exemplo, a
fabricação de tratores dentro da meta da indústria automobilística, e os
agrotóxicos como meta das indústrias de base, visto que as metas deveriam ser
definidas e implementadas em estreita harmonia entre si, para que os
investimentos em determinados setores pudessem refletir-se positivamente na
dinâmica dos outros”, explica o estudo.
Eliane Oliveira, da Escola Popular de Agroecologia e
Agrofloresta Egídio Bruneto, afirmou que a Campanha para o Movimento Sem Terra
na Bahia é de grande importância “porque vivemos em um estado onde o
agronegócio é predominante e algumas de nossas regiões na Bahia são atingidas
de maneira direta pelas empresas de celulose”.
Ela explica que essas empresas têm devastado o meio ambiente
e degradado o solo. “Para nós, Movimento Sem Terra, quando ocupamos a terra
temos o grande compromisso de cuidar da mãe terra, do nosso solo. Então, essa
campanha vem para fortalecer esse compromisso que o MST tem desde a sua gênese
que é de cuidar da terra”.
Além disso, Eliane comentou a perspectiva da atual
conjuntura. “Esse desgoverno [do Bolsonaro] no qual nós estamos vivendo, tem
sucateado as políticas ambientais, e o que se tinha com muita luta dos
movimentos ao longo dos anos, tem sido retiradas”.
Bahia reflorestada
A Campanha de Reflorestamento do MST tem como objetivo
também fortalecer as experiências de cultivo e plantio de mudas, já
desenvolvidas pelas famílias assentadas e acampadas em toda Bahia.
Na Chapada Diamantina, por exemplo, o MST na região tem
mobilizado as famílias do assentamento São Sebastião de Utinga para o processo
de recuperação do Rio Utinga, localizado próximo a cidade de Wagner. Até então,
foram plantadas mais de 40 mil mudas de árvores nativas da região.
Além disso, outras regiões da Bahia, como Sudoeste, Extremo
Sul, Nordeste, Sul e Norte estão desenvolvendo ações nesse mesmo formato há
mais de um ano.
*Editado por Fernanda Alcântara
Via – Jornal GGN
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