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A ditadura não será anunciada estampada em capas de jornais.
Essa semana os jornais estão falando muito em ditadura, sinal que ela já está
instalada faz tempo. Não adianta fechar os olhos e nem ter profissão de fé nas
instituições, estamos em regime fascista.
Em editoriais e colunas desta semana que passou, a grande
imprensa, que ajudou a derrubar Dilma e fertilizou o campo para a ascensão da
extrema-direita, abandonou de vez Jair Bolsonaro, ou pelo menos, é o que dizem.
Passaram a tratar o governo abertamente como autoritário e uma ameaça as
instituições democráticas.
Bolsonaro, cada dia que passa, radicaliza mais no discurso e
no ataque sistemático a democracia. Os liberais sempre desprezaram a ameaça por
julgarem oportuna a chance de fazerem as reformas neoliberais que jamais
passariam nas urnas aproveitando a popularidade do outsider demagogo e
populista, não contavam com a variável do fascismo, incalculável do ponto de
vista político e social, difícil de domar e controlar.
A elite parece então, estar desistindo do seu plano de domar
Bolsonaro, de torná-lo palatável. O Presidente da República não é tão forte
quanto o bolsonarismo, esse é o problema. Esses ataques as instituições são
balões de ensaio para testar em suas bases a adesão a um regime autoritário.
Hoje o bolsonarismo fiel oscila entre 25 a 30% na população e tem, pelo menos,
mais uns 20% que não ligam de ter um governo autoritário contra a esquerda, que
virou o inimigo público número um, simplesmente passam o pano.
O que se passa no Brasil não está isolado do grande
movimento violento do capitalismo mundial em crise. A ebulição social em países
da América Latina e a desestabilização política patrocinada pelo imperialismoo,
como o golpe militar da Bolívia, são reflexos de conturbadas contradições entre
o neoliberalismo e a realidade concreta da economia dos países da periferia do
sistema capitalista. Aqui para avançar no domínio econômico o capitalismo
financeiro teve mais uma vez que se aliar ao fascismo.
O sistema de produção capitalista, baseado no acúmulo
desmedido do capital financeiro, está se debatendo feito um moribundo, por isto
está tão agressivo. O futuro socialista é inevitável, pode ser adiado, mas logo
romperá o horizonte feito aurora da manhã. Tudo que é sólido desmancha no ar,
já diria o velho Marx, um dia a burguesia será peça de museu. O capital não tem
coração e para se manter hegemônico topa qualquer negócio, o fascismo é linha
auxiliar, quando o capital perde na democracia liberal não hesita em violentar
suas próprias regras. Os novos tempos são, a já antiga aliança, entre o
fascismo e a burguesia.
Em meio a essa ofensiva se encontra uma crise de correlação
de forças decorrente das condições de alienação da classe operária, impostas e
intensificaras pelo monopólio político da burguesia sobre os meios de
comunicação e especialmente do aumento da taxa de mais valia implementada pelo
imperialismo. O imperialismo está aprofundando tanto a mais valia que vivemos o
auge da exploração, superando o escravismo greco-romano.
Bolsonaro cumpre bem esse papel, visto que as reformas de
Paulo Guedes não encontrariam eco nem mesmo em um parlamento inclinado à
direita e muito menos na sociedade civil, a forma de avançar sua agenda de
destruição do Estado e dos direitos da classe trabalhadora, é radicalizar o
debate para assim silenciar toda e qualquer oposição. Em outra coluna aqui no
Vermelho, eu afirmei que o custo do ultraliberalismo de Guedes seria acabar com
a democracia, pois este modelo só conseguiu ser implementado em sua totalidade
na América Latina, na Ditadura Pinochetista do Chile, país que hoje arde em
chamas contra o neoliberalismo.
A burguesia nacional parece ser masoquista, definha com a
atividade industrial reduzindo a cada dia, dólar batendo recordes de alta e o
real desvalorizado, a economia cresce a passos de tartaruga e os economistas
mainstream não cansam de tentar justificar o nosso desastre, na condução
econômica dos governos Petistas. Não conseguem admitir que a aliança entre o
neoliberalismo e o fascismo, fruto do golpe de 2016, é o que está destruindo o
Brasil de maneira acelerada. Não existe economia sem política e o fascismo é a
destruição da política.
Enquanto a economia não cresce o fascismo avança. Bolsonaro
com a sua tentativa de criar um partido abertamente autoritário com o lema do
fascismo: Deus, Pátria e Família, pretende consolidar suas milícias populares
em todo o Brasil, tendo a principal base popular as igrejas neopentecostais e
os contingentes de policiais militares de baixa patente. Os clubes de tiro,
espalhados em todo território nacional, são seus centros de treinamento para a
defesa armada do projeto de poder.
Não cabe mais falar em ameaça a democracia, flerte
autoritário ou outros eufemismos que tentem esconder a cara do fascismo
bolsonarista. A ditadura de Jair Bolsonaro já está edificada em bases sólidas,
se engana quem pensa que será fácil tirar o capitão do poder. Não quiseram
olhar nos olhos do monstro por muito tempo, agora ele está ai, mais feio do que
os liberais imaginaram, pronto para engolir tudo e todos. Reflexo da agenda
neoliberal, o fascismo não perdoará ninguém.
* Estudante de Gestão Pública UFMG, assessor parlamentar,
militante do PCdoB/MG
Via - Portal Vermelho
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