É comum em determinadas cidades,
leigos a qualquer cargo se destacarem e tornarem-se populares, são figuras
urbanas, geralmente andarilhos, doidos mansos ou não, que por sua personalidade
forte e sua constante presença em locais públicos, fazem parte do cotidiano das
pessoas e acabam se tornando patrimônios da cidade onde moram.
A cidade do Rio de Janeiro jamais
terá outro personagem que se iguale a José Datrino, conhecido popularmente como
“O Profeta Gentileza”. Figura de destaque na cidade do Rio de Janeiro, o
profeta gentileza adotou uma filosofia de vida onde a fraternidade, o amor e a
salvação dos homens seria alcançada através da gentileza, “gentileza gera
gentileza”.
Desta forma José Datrino
criticava e denunciava o mundo regido pelo capeta capital que vende e destrói
tudo, o andarilho anunciava a gentileza como o remédio de todos os males.
Vestia-se de branco, cajado em
uma das mãos, barbas longas, gentileza era o típico profeta descrito em livros,
pensador e crítico do sistema e do modo de vida ganancioso dos homens,
gentileza pregava sua filosofia pelas ruas do Rio até Niterói. Andava pelos
transportes públicos e escreveu nas pilastras do viaduto que vai do cemitério
do Caju até a rodoviária do Novo Rio, mensagens de otimismo ou denunciando as
mazelas do mundo.
Enquanto viveu, o profeta
gentileza adquiriu admiradores de todos os níveis sociais, artistas, políticos
intelectuais e anônimos guardavam de qualquer forma algum carinho ou atenção
pelo atípico cidadão que adotou um sistema de vida singular naquela cidade.
Gentileza morreu em 1996 por morte natural, vândalos picharam seus escritos nos
murais e pilastras do viaduto onde gentileza deu o seu recado, mais tarde os
murais foram pintados de cinza o que apagou os escritos deixados pelo profeta.
O fato revoltou a sociedade,
porém em 1999 a prefeitura do Rio de Janeiro encabeçou o movimento “Rio com
gentileza” objetivando recuperar os escritos deixados pelo profeta, no ano 2000
os escritos nos murais foram recuperados e suas mensagens sempre em verde e
amarelo, estão sendo mantidas e zeladas como patrimônio histórico da cidade.
Gentileza ganhou fãs de todos os
níveis sociais, inclusive entre os famosos, na música, o profeta foi
homenageado por Gonzaguinha e Marisa Monte, ambas as obras tem o título
gentileza. O Professor Leonardo Guelman publicou no ano 2000 o livro “Tempo de
Gentileza” pela editora da Universidade Federal Fluminense onde conta a
história do profeta das ruas do Rio.
José Datrino por sua vez alertava as pessoas a se desviarem dos seus descaminhos e adotassem a solidariedade através da gentileza entre as pessoas.
Com certeza todos nós precisamos
aprender o que tanto nos ensinou o profeta Gentileza.
Salve José Datrino. Viva Gentileza.
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