O incomparável Boca do inferno¹
já dizia:
“Não te abras com teu amigo, que
outro amigo ele têm, e o amigo de teu amigo, possui amigos também”.
Tomar cuidado com o que se fala
requer prudência e cautela, nem sempre o que falamos chega em ouvidos
confiáveis e o que era sigiloso deixa de ser e torna-se público. A grande
verdade é que nada que não seja individual fica escondido, no entanto, existem
as coisas bem feitas, a confiança é algo precioso, raro como mosca branca,
encontrar alguém altamente confiável é algo próximo do impossível. O silêncio é
uma ferramenta que deve ser usada com cuidado, falar por falar é insensato, o
ouvir é o grande trunfo dos homens prudentes, ver ouvir e calar tem evitado
problemas, prolongado vidas e sustentado a paz em múltiplos seguimentos
sociais.
Há por aí, muitas aves canoras
cantando tudo que aprendem, tudo que ouvem, tudo que sabem e tudo que vêem, há
pelos quatro ventos, caixas de ressonância instaladas em som audível,
propagando como papagaios louros tudo que lhes chegam aos ouvidos, e na falta
do que se falar, eles acrescentam o tempero extra, deixando muito mais picante
o prato que será compartilhado por muitos.
Portanto meu prezado e minha
prezada sejam discretos em suas práticas, aquilo que vocês fazem por baixo dos
panos, tem que ser por baixo de espessas camadas de pano, nada de dar margem ao
erro lembrem-se, parece que não, mas há sempre os espertalhões que pegam tudo
no ar, já há outros tantos que possuem olhar clínico, visão de raio x, há
pessoas que enxergam além das paredes opacas. Cautela minhas criancinhas, não
pensem vocês que todo mundo nasceu ontem, há notícias que caem de mão beijada
no colo de quem mais se interessa por elas, chegam como melodias deleitosas
para ouvidos que não se cansam de ouvir e bocas que não cessam de falar.
Cuidado, cuidado, como vovó já dizia, “os matos têm olhos e as paredes têm
ouvidos”. Vigiai, vigiai...
Mateus Brandão de
Souza, graduado em História pela FAFIPA.
* ¹ Alcunha de Gregório de Matos: foi um advogado e poeta do Brasil Colônia. É considerado o maior poeta barroco do Brasil e o mais importante poeta satírico da literatura em língua portuguesa, no período.
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