É fácil para todo historiador ou
amante da História afirmar que em toda a trajetória humana os homens
acreditaram e até hoje muitos acreditam que exista seres sobrenaturais que tem
o poder de influenciar de forma direta suas vidas, deuses que nos trazem as
vitórias, os prazeres, o amor, as desgraças e os castigos.
Sempre nos colocamos como seres
frágeis e que a todo o momento necessitamos da proteção de tais deuses. Desde a
América Pré-Colombiana à Sociedade Greco-Romana temos inúmeros exemplos que nos
trazem essa certeza.
Por exemplo, diante de qualquer
conflito bélico, o temível exército romano, exibia em seus estandartes símbolos
e desenhos que representavam seus deuses. Já na sociedade cristã medieval, a
cruz, imagem de santos e de Nossa Senhora eram exibidas em navios e caravelas,
em 1500, a frota de Cabral trazia em suas velas a tão conhecida cruz da Ordem
de Cristo.
O cristianismo antigo nos trouxe
mais exemplos da submissão humana, por exemplo, o homem somente conquistará a
salvação que Deus nos oferece se amá-lo, temê-lo e se procurar através do amor
e da caridade ajudar a todos que precisam. Nossas orações, e nossos pedidos
serão atendidos quando ele achar melhor, afinal para Deus que é senhor dos
tempos, tudo tem uma hora certa, e também é ele quem julgará se aquilo que
pedimos é cabível, se realmente precisamos.
De fato até ontem estávamos nas
mãos de Deus ou dos deuses. Hoje devido à “praticidade” da vida moderna nos
libertamos do domínio de Deus e agora temos autonomia para ordenar a ele o que
queremos. “Não temos tempo” para esperar a sua boa vontade, agora devido a nossas
“urgências” nós que decidimos quando seremos atendidos.
O que hoje está sendo ensinado é
que aquele que obedece tudo aquilo que Deus nos deixou como tarefa tem o
direito de cobrá-lo, de exigir aquilo que lhe foi pedido. Devido ao desespero e
a inocência, muitos estão seguindo este caminho, estão lhes convencendo que
Deus agora não passa de um servo.
Nossas orações a partir disso
mudaram bastante, antes agradecíamos pela comida consumida no dia, agradecíamos
pelo fato de estar vivo, éramos gratos pela saúde, pela exuberância da Natureza
e do Universo, pela família, hoje agradecemos pelo carro que temos, pela casa,
pelo apartamento, pela viagem ao exterior, pelo lindo e caro terno e pelos
vestidos de tecido fino que vestimos.
O homem ao longo do desenvolvimento
do capitalismo quis ter o controle de tudo em suas mãos, se dedicou em ter o
conhecimento para saber quando iria chover, se empenhou em desenvolver recursos
para obrigar a terra produzir muito mais que ela poderia produzir, desenvolveu
a medicina a fim de tornar fértil ou estéril um homem ou uma mulher, sonha
conhecer de forma intensa o Universo, agora se ilude em afirmar que tem a
autoridade em dar ordens ao seu criador.
Portanto minha gente, cuidado com
esses homens que todos os dias tentam lhe convencer que vocês são os “patrões
de Deus”, o dia de finados não foi criado apenas para irmos ao cemitério para
acender velas aos que já se foram, mas também para nos lembrar que somos
frágeis, homens mortais, limitados. A morte serve para isso, para nivelar todos
os homens e colocá-los abaixo de Deus.
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