BR-116, principal rodovia brasileira / Crédito: Wikimedia Commons |
Toda rodovia guarda suas histórias sobrenaturais repletas de relatos macabros e inexplicáveis.
Por M. R. TERCI – Aventuras naHistória
A BR-116 é a principal rodovia
brasileira. Tem início na cidade de Fortaleza, no estado do Ceará e término na
cidade de Jaguarão, no estado do Rio Grande do Sul, na fronteira com o Uruguai.
A extensão total da rodovia é de aproximadamente 4.513 quilômetros, passando
por dez estados brasileiros.
No trecho entre as capitais
Curitiba e São Paulo, a BR-116 ficou conhecida como A Rodovia da Morte e o
título inglório não é para menos. O número de acidentes acumulados ao longo dos
anos é imenso e alguns trechos da rodovia se tornaram estigmatizados por seus
causos, superstições e lendas.
Causos assustadores
Rodovia Régis Bittencourt é o
nome dado pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes ao trecho
da BR-116 entre São Paulo e a divisa entre o Paraná e Santa Catarina, no limite
entre os municípios de Rio Negro e Mafra. A nomenclatura oficial é uma
homenagem ao engenheiro civil e escritor Edmundo Régis Bittencourt, que teve
grande destaque não apenas na construção da rodovia, como também no cenário
nacional, principalmente junto ao DNER e à Polícia Rodoviária Federal.
Nos anos 1990 o jornal Notícias
Populares noticiou periodicamente alguns casos fantasiosos ou de difícil
averiguação ocorridos na BR-116, como a colisão fatal entre um ônibus e um
disco voador ocorrida na Rodovia da Morte, gritos de operários mortos em um dos
túneis da Serra do Cafezal e muitos outros assombros, cada qual mais fantástico
e inacreditável que o outro.
O causo mais famoso, entretanto, diz respeito ao acidente automobilístico que causou a morte de uma bailarina em 1970. Muitos motoristas relatam, até os dias de hoje, que nas altas horas da madrugada, uma aparição vestida de bailarina é vista dançando próxima à estremadura rosa – cruz de beira de asfalto – que marca o local do acidente. O leitor curioso poderá averiguar essa lenda, consultando comerciantes locais ou motoristas em qualquer parada de caminhão no trecho Paraná/São Paulo.
Se a BR-116 é considerada a
artéria rodoviária do Brasil, pois o desenho de seu imenso trajeto percorre
praticamente toda a extensão do país, ligando o Nordeste ao Sul, possibilitando
o transporte de insumos e mercadorias essenciais ao desenvolvimento da
indústria e comércio, a BR-101, sua irmã translitorânea, pode ser tida como a
carótida do sistema rodoviário brasileiro.
Tem início no município de Touros, no Estado do Rio Grande do Norte e termina em São José do Norte, no Rio Grande do Sul. Assim como a BR-116 é um dos principais eixos rodoviários do país com 4.650 km. Em tese, seria a maior rodovia brasileira, mas alguns trechos são interpostos ou intercalados por outras rodovias federais, incluindo a BR-116.
Construída pelo Exército
brasileiro entre os anos 1950 e 1960, passa por doze Estados, ela segue no
sentido norte-sul por praticamente todo o litoral leste brasileiro, ligando
cidades importantes como Florianópolis, Vitória, Maceió, Recife e Natal.
Apesar de alguns trechos estarem
mal conservados, é um dos mais belos percursos rodoviários do Brasil e provoca
grande deslumbramento por suas paisagens praianas e vistas oceânicas
magníficas, mas também é motivo de grande sobressalto para os motoristas em
alguns trechos nevoentos.
Em meados de 2012, a Polícia
Rodoviária Federal chegou a interditar um trecho da BR-101 em Alagoinhas, na
Bahia, pois os motoristas que trafegavam pelo local relatavam estranhos
avistamentos no meio da rodovia. Vultos fantasmagóricos e até mesmo animais que
morreram atropelados há muito tempo, saltavam à frente dos veículos causando
acidentes.
O que podemos afirmar com toda certeza, é que toda estrada guarda suas histórias de assombração, seus mitos funestos e seus causos de botar medo. Todo mito reivindica audiência e para saber-lhes as querências, basta assuntar com os locais.
Na época, um repórter local
chegou a entrevistas um dos policiais envolvidos na ocorrência. A entrevista
foi conduzida num tom bem-humorado, no qual o repórter finalizou: “Assombração
ninguém segura, e nenhum policial quer ficar naquela estrada, então a solução é
interditar e criar um desvio pra segurança de todos nós”.
Outra menção frequente nas rodas
de caminhoneiros do trecho, conquanto seja levada mais a sério, é a aparição da
Menina Fantasma, uma garota que morreu há coisa de 115 anos e que supostamente
é avistada nos acostamentos da BR-101.
Só no ano de 2013 foram emitidos
mais de 40 boletins de ocorrência, registrados ao longo de vários pontos da
rodovia. A história é sempre a mesma; às 2 horas da madrugada, uma menina, em
trajes do século passado, pedindo carona e quando o caminhoneiro sinaliza para
parar, ela desaparece.
Seu primeiro avistamento foi na
Bahia, em 1996, outros registros, contudo, foram feitos nos Estados do Rio
grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas e Espírito Santo.
Um tour macabro pela
translitorânea, fruto provável da combinação de jornadas de trabalho excessivas
e todas essas distâncias infindáveis e fantásticas da multifacetada paisagem
brasileira. Certamente, uma combinação que afeta a imaginação de qualquer um de
nós.
M.R. Terci é escritor e
roteirista; criador de “Imperiais de Gran Abuelo” (2018), romance finalista no
Prêmio Cubo de Ouro, que tem como cenário a Guerra Paraguai, e “Bairro da
Cripta” (2019), ambientado na Belle Époque brasileira, ambos publicados pela
Editora Pandorga.
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