Concorrentes aproveitaram o prestígio de suas profissões para ganhar mais visibilidade nas eleições.
Por André Cintra
Via – Portal Vermelho
Na hora do voto, o nome de batismo
dos candidatos não necessariamente é o nome de urna. Dezenas de milhares de
concorrentes aproveitaram o prestígio de suas profissões para ganhar mais
visibilidade nas eleições municipais de 2020. Ao escolherem seus nomes para a
campanha, esses postulantes a prefeito e a vereador fizeram questão de incluir
um título que identifique sua área de atuação ou sua origem.
Conforme levantamento do portal
G1, o acréscimo mais comum é o de “professor” ou “professora”, usado por nada
menos que 17.754 candidaturas pelo Brasil. A chapa lançada pelo PCdoB São Paulo
à Câmara dos Vereadores é um exemplo dessa tendência, com sete candidatos que
se apresentam como professores no nome de urna: Professora Adriana
Vasconcellos, Profa. Anair Novaes, Professor João Carvalho Fio, Prof. Jonathas
Cavalaro, Professor José Valdene, Professor Silvio e Professora Simone Rego.
Em tempos de pandemia e crise sanitária, os títulos ligados à área da saúde também proliferaram na campanha eleitoral. Há, nominalmente, 6.140 candidatos “doutores”, 5.045 candidatos “da saúde” e 2.355 candidatos enfermeiros. É o caso, no PCdoB, das candidatas a vice-prefeita do Rio de Janeiro, Enfermeira Rejane, e também de São Paulo, Enfermeira Andrea.
Segundo o G1, da eleição
municipal de 2016 para a deste ano, houve um aumento de 15% no número de
candidatos com denominações associadas à saúde: “Em 2020, mais de 19 mil
concorrentes declararam ter ocupações da área de saúde, como técnico de
enfermagem, fisioterapeuta e fonoaudiólogo, segundo dados do TSE. Há quatro anos,
eles eram menos de 17 mil”.
Com ao avanço da bancada evangélica e do bolsonarismo nas últimas eleições, títulos religiosos e militares ganham mais espaço nas eleições. Em 2020, são 4.465 candidatos com “pastor” ou “pastora” no nome de urna, além de 3.622 com “irmão” ou “irmã”. Já entre os cerca de 6.700 pleiteantes de origem militar – 12,5% a mais em relação a 2016 –, sobressaem os 1.582 candidatos batizados eleitoralmente como “sargentos”.
Especialistas ouvidos pelo G1 afirmam que o uso dessas qualificações no nome de campanha pode, sim, ajudar os candidatos. “Títulos religiosos, como pastor, ou ligados à área de segurança, como capitão, são códigos para tentar chamar a atenção do eleitor. Assim como também são as ocupações de saúde, que estão chamando bastante atenção”, afirma Carlos Ranulfo, professor do Departamento de Ciência Política da UFMG. Segundo Ranulfo, “o que pode influenciar também é a denominação junto ao nome, como fulano ‘da ambulância’ ou ciclano ‘técnico de enfermagem’”.
Já Lucas Gelape, doutorando em Ciência Política na Universidade de São Paulo (USP), destaca nomes eleitorais que procuram evocar a proximidade do candidato com uma localização. “Não por acaso, a gente vê muito candidato a vereador colocando ‘da farmácia’ e ‘do bar’ em seus nomes de urna”, diz Gelape. “O vínculo local – com o bairro, com a região da cidade – acaba ficando mais evidente.”
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