Minha terra não tem terremotos...
nem ciclones... nem vulcões...
As suas aragens são mansas e as suas chuvas esperadas:
chuvas de janeiro... chuvas de caju...
chuvas-de-santa-luzia...
Que viço mulato na luz do seu dia!
Que amena poesia, de noite, no céu:
- Lá vai São Jorge esquipando em seu cavalo na lua!
- Olha o Carreiro-de-São-Tiago!
- Eu vou cortar a minha língua na Papa-Ceia!
O homem de minha terra, para viver, basta pescar!
e se estiver enfarado de peixe, arma o mondé
e vai dormir e sonhar...
que pela manhã
tem paca louçã,
tatu-verdadeiro
ou jurupará...
pra assá-lo no espeto
e depois comê-lo
com farinha de mandioca
ou com fubá.
[ ... ]
O homem de minha terra tem um deus de carne e osso!
- Um deus verdadeiro,
que tudo pode, tudo manda e tudo quer...
E pode mesmo de verdade.
Sabe disso o mundo inteiro:
— Meu Padinho Pade Ciço do Joazero!
[ ... ]
Os guerreiros de minha terra já nascem feitos.
Não aprenderam esgrima nem tiveram instrução...
Brigar é do seu destino:
- Cabeleira!
- Conselheiro
- Tempestade!
- Lampião!
Os guerreiros de minha terra já nascem feitos:
- Cabeleira!
- Conselheiro
- Tempestade!
- Lampião!
(Ascenso Ferreira)
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