A câmara dos vereadores do município de Nova Londrina no Paraná, determinou que no período que antecede as eleições municipais de 2012, não mais será permitida a transmissão via rádio das considerações finais dos vereadores durante as reuniões da câmara. O motivo alegado para o veto da transmissão no instante das considerações finais de cada vereador, seria o cuidado para que nenhum vereador pre-candidato, seja prejudicado perante a opinião pública por aquilo que ele disser em plenário neste ano de eleição. A decisão causa estranheza, pois, reuniões em câmaras municipais devem ser realizadas à luz do conhecimento da população sem que nada lhe seja omitido.
Indignado com a situação, o radialista Ricardo 'Ronda' Drummond de Macedo, expressou sua opinião:
Ao determinar que a Rádio Pontal de Nova Londrina cesse sua
transmissão da Sessão da Câmara no momento das Considerações Finais dos
Vereadores, politicamente, a Câmara de Nova Londrina acabou.
No momento em que declara que, baseada em considerações
jurídicas, ela abdica do direito de transmitir sua mensagem à população, ela
perde boa parte de sua razão de existir.
Se eu fosse vereador, me demitiria no ato. O salário não
vale esta vergonha.
Argumentar, que em período eleitoral, seria perigoso que a
população ficasse sabendo o que se diz nas Considerações Finais, é passar um
atestado de absoluta incompetência no manejo constitucional da Tribuna.
Dizer, que por palavras, os vereadores pré-candidatos
poderiam prejudicar-se é declarar que não sabem o que falam.
O que, por vezes, dá mesmo a impressão ao ouvir-se tantas
barbaridades faladas como papagaios que só repetem o que o dono manda ou
ensina.
Afirmar que cercear o direito líquido e certo da população,
que paga os salários dos vereadores, de escutá-los em seu melhor momento,
beneficia só aos vereadores, é confirmar que só o são vereadores por seus
próprios interesses e pouco vale a opinião da população que os sustenta.
No caso, quem paga não manda. Manda quem é empregado.
Nunca em toda a minha vida assisti tal descalabro. Assisti
sim, vereadores em Praça Pública verbeverando pelo direito de falar, pelo
direito de serem escutados, vistos e votados. Apanhando da polícia do regime
que não queria que o Povo ouvisse aqueles destemidos e também reivindicasse
algum direito. Os ví sendo presos e até assassinados pelo direito de falar.
Só em Nova Londrina, para nossa suprema vergonha, se assiste
vereadores abdicando do mais sagrado direito do cargo: o poder de falar o que
quiser e ser ouvido por quem o quiser também.
Que tipo de mensagem política estão passando para as novas
gerações? Que tipo de eleitores estão formando? Que tipo de lideranças novas
estão incentivando?
Que palavras prejudicam quando faladas sem pensamento por
detrás. E o confessam quando assumem que falam sem pensar, por isso ninguém
poderá ouví-los durante a campanha eleitoral que aí vem. Abrir a boca até os
asnos o fazem, e zurram, e zurram, e zurram, e ninguém os entende.
Que o voto só tem valor no momento em que é digitado na urna
eletrônica. Depois, os donos do voto fazem com ele o que quiserem,
independentemente de quem digitou, e contrário até, se for proveitoso
politicamente. Estando empossado, o Povo saberá o que eles quiserem que o Povo
saiba.
Que líder é só para liderar. Nunca para ouvir, consultar, ascultar
a opinião pública. Os que se pretendem lideranças aprendam com a Câmara de Nova
Londrina: O Povo, ora, o povo saberá o que quisermos que o Povo saiba e pronto.
Somos os mandões e acabou!
Sinceramente nem sei o que dizer.
Indignar-me e iniciar uma batalha contra estas crianças
assustadas com sua próprias palavras?
Conclamar a população para ir de público assistir os
balbucios destes bebês chorões?
Sumir terra adentro envergonhado dos políticos de Nova
Londrina?
Os que tanto gostam de falar do passado para justificarem os
pecados do presente poderiam espelhar-se neste mesmo passado do qual fizeram
parte: nunca foi feito isso em Nova Londrina.
É de se lamentar um descolamento tão completo da população.
Este Olimpo de sumidades passa a falar só com as paredes do
templo, para placas comemorativas de outras épocas, onde vereadores não tinham
medo do que falavam, talvez por saber o que estavam fazendo, para para meia
dúzia de gatos pingados que podem dispor da noite de segunda-feira para
sentar-se aos pés destes deuses e escutarem o que ninguém mais pode escutar.
Saindo depois às ruas, pervertendo ou distorcendo ao seu bel
prazer tudo o que foi dito, num desserviço à Opinião Pública, à Democracia e ao
Eleitorado novalondrinense que paga toda esta festa.
Chorai viúvas de Sião. Teu coração calou a própria voz.
Ricardo 'Ronda' Drummond de Macedo.
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