Um dos principais argumentos das pessoas contrárias à
legalização das drogas é que os usuários financiam e armam o tráfico. Há duas
incongruências aí:
1. Todo mercado tem um vendedor e um comprador que são
reciprocamente alimentados. A sociedade de consumo moderna nos ensina a
trabalhar com os termos oferta, procura e regulação estatal. O problema das
drogas não está na oferta e na procura. Está na falta de regulação estatal, que
mantém essas substâncias no mercado negro. Como o Estado é obrigado a combater
o mercado negro de qualquer coisa, o tráfico de drogas é combatido. A violência
surge dessa repressão, que assume características da luta de classes na medida
em que há o controle armado do território, da cultura e das pessoas daquele
local, sempre uma favela ou comunidade da classe trabalhadora. A venda de
drogas em geral, quando não está sendo reprimida policialmente, não gera
insegurança, vide os remédios e os cigarros. O contrário é observado quando a
mercadoria é colocada na ilegalidade, fora da regulação estatal, pois a
proibição não acaba com o mercado. Na verdade, a ONU estima que, mesmo com toda
a perseguição das últimas décadas, o consumo de todas as drogas aumentaram no
mundo inteiro.
2. Maconheiros são professores, advogados, médicos;
são também pedreiros, serventes e garis. Maconheiros moram em Ipanema e moram
na Rocinha. Juízes e engenheiros também fumam maconha, assim como desempregados
e estudantes. Entre os estudantes, há todo tipo de maconheiro, inclusive
aqueles que se acham iguais ao Che Guevara. Isso não muda em nada a idéia de
que a legalização das drogas é uma solução para problemas sérios de afronta à
liberdades individuais e de gestão pública da segurança.
Nenhum comentário:
Postar um comentário