“Cuba Sem Bloqueio” não fala
sobre um paraíso terrestre. Mas levanta em alto e bom som a questão: “Quantos
países capitalistas exibem uma sociedade razoavelmente harmônica, sem
concentração de riqueza, sem miséria, sem fome, sem analfabetismo, sem
violência social e sem crianças abandonadas”, como a de Cuba?
Cuba sofre bloqueio internacional
desde 1962.
Livro revela Cuba sem as manipulações
da mídia dominante. Foto:
Havana
|
Dois autores investigam o estágio
do desenvolvimento humano em Cuba e tentam entender as razões que levam às
campanhas negativas constantemente levantadas pelos grandes grupos de
comunicação. Hideyo Saito e Antonio Gabriel Haddad estão lançando “Cuba Sem
Bloqueio: a revolução cubana e seu futuro, sem as manipulações da mídia
dominante”.
Lembra o material de divulgação
da obra, editada pela Radical Livros, que qualquer fato contrário à revolução
cubana merece destaque na chamada grande imprensa mas, contrariamente, notícias
favoráveis à revolução são ignoradas.
Como exemplos, os autores citam o
episódio a divulgação pela Unesco dos resultados de duas pesquisas comparativas
sobre o ensino na América Latina, uma de 1997 e outra de 2007: a grande
imprensa brasileira abriu um bom espaço para falar sobre o desempenho do
Brasil, mas não mencionou que os estudantes cubanos ficaram em primeiro lugar
em ambas.
Ainda sobre o mesmo tema, lembram
que a revista Veja entrevistou o pedagogo e economista Martin Carnoy, que
estava no Brasil para lançar o livro “A vantagem acadêmica de Cuba: por que
seus alunos vão melhor na escola”, e conseguiu não falar absolutamente nada
sobre o ensino cubano.
Por outro lado, exemplificam o
caso de um ato do grupo dissidente Damas de Branco, que reuniu dez pessoas em
Havana e foi chamada de capa de O Estado de S. Paulo. Qual outra manifestação
desse reduzido tamanho mereceria tal tratamento?
Casos como esses se multiplicam.
Por isso, o título do livro alude a uma Cuba “sem bloqueio”, referindo-se,
neste caso, ao bloqueio de informação correta sobre o país, erguido pelos
oligopólios da comunicação. É devido a esse bloqueio que a realidade de Cuba
continua pouco conhecida entre nós. Para furar esse “bloqueio informativo”, os
autores pesquisaram tanto em fontes cubanas como estrangeiras.
Nos 12 capítulos da obra que
resultou da intensa pesquisa, o jornalista Hideyo Saito e o especialista
Antonio Gabriel Haddad contrapõem o processo de construção social popular que
procura enfrentar as muitas consequências de dificuldades políticas e
econômicas de toda ordem às infindáveis agressões e obstáculos criados pelas
potências dominantes.
O livro mostra como a mobilização
popular no país move cubanos de todos os estratos sociais a participar
livremente das discussões em torno do projeto de aperfeiçoamento do socialismo
no país, por vezes com grande acuidade crítica. Essa efervescência, contam os
autores, se reflete em conversas particulares, em assembleias, em obras
artísticas, em publicações acadêmicas especializadas ou na mídia local.
“Cuba Sem Bloqueio” frisam Haddad
e Saito, não fala sobre um paraíso terrestre. Mas levanta em alto e bom som a
questão: “Quantos países capitalistas exibem uma sociedade razoavelmente
harmônica, sem concentração de riqueza, sem miséria, sem fome, sem
analfabetismo, sem violência social e sem crianças abandonadas”, como a de
Cuba?
Uma possível resposta está em sua
introdução, quando cita Noam Chomsky: “O que é intolerável para essa mídia (‘o
verdadeiro crime de Cuba’) são os êxitos cubanos, que podem servir de exemplo
para povos de países subdesenvolvidos”.
Rede Brasil Atual
Nenhum comentário:
Postar um comentário