Para ela, fora da ficção, que morram os índios |
Nos municípios da região sul e especialmente do Cone Sul do
Estado, em Mato Grosso do Sul, na faixa de fronteira entre Brasil e Paraguai,
populações indígenas reivindicam o direito pela terra atualmente ocupada por
fazendeiros. Confrontos tem acontecido com um saldo de índios mortos e feridos.
Uma das terras em disputa, denominada Arroio-Korá está localizada no município
de Paranhos.
O Relatório de Identificação da Terra Indígena, realizado
pelo antropólogo Levi Marques Pereira e publicado pela Fundação Nacional do
Índio (Funai), atesta, em fontes documentais e bibliográficas, a presença dos
guarani na região desde o século XVIII.
Em 1767, com a instalação do Forte de Iguatemi, os índios
começaram a ter contato com os “brancos”, que aos poucos passaram a habitar a
região com o objetivo de mantê-la sob a guarda da corte portuguesa. A partir de
1940, fazendeiros ocuparam a área e passaram a pressionar os indígenas para que
deixassem suas terras tradicionais.
Os primeiros proprietários adquiriram as terras junto ao
Governo do, então, Estado de Mato Grosso e, aos poucos, expulsaram os índios,
prática comum naquela época. Contudo, os indígenas de Arroio-Korá permaneceram
no solo de seus ancestrais, trabalhando como peões em fazendas.
Relatório de Identificação e Delimitação da Terra Indígena
foi publicado em 2004 e a demarcação homologada pela Presidência da República
em 2009 (Decreto nº12.367). Porém, logo após a homologação, mandado de
segurança impetrado por proprietários rurais suspendeu os efeitos do decreto
presidencial.
Atualmente, os índios guarani-kaiowá e guarani-ñhandeva de
Arroio-Korá vivem em situação precária e improvisada em barracos de lona na
beira de estradas e em reservas indígenas do Cone Sul de Mato Grosso do Sul.
Estima-se que 100 famílias sejam originárias da região.
Segundo informou o Blog União Campo Cidade e Floresta
(http://uniaocampocidadeefloresta.wordpress), diversos políticos e famosos são
proprietários de fazendas na área em conflito. Ratinho, Hebe Camargo e Regina
Duarte estariam nessa lista. “Regina Duarte lidera o setor pecuarista contra os
povos indígenas, participa de comicios contra as demarcações e contra os povos
indígenas em todo Brasil. No MS ela é a “Garota Propaganda” em campanhas contra
indígenas”, conforme o Blog União Campo Cidade e Floresta.
Segundo o jornalista Leonardo Sakamoto, do portal UOL, a
atriz global tem se engajado na atividade de combate ao direito dos indígenas.
O jornalista noticia que a pecuarista Regina Duarte, em discurso na abertura da
45ª Expoagro, em Dourados (MS), disse que está solidária com os produtores e
lideranças rurais quanto à questão de demarcação de terras indígenas e
quilombolas no estado.
(O deputado Ronaldo Caiado, principal defensor desses
princípios, deveria cobrar royalties de Regina Duarte… Inalienáveis deveriam
ser o direito à vida e à dignidade, mas terra vale mais que isso por aqui.).
“Podem contar comigo, da mesma forma que estive presentes nos momentos mais
importantes da política brasileira.” Ela e o marido são criadores da raça
Brahman em Barretos (SP).
Dos 60 assassinatos de indígenas ocorridos no Brasil inteiro
em 2008, 42 vítimas (70% do total) eram do povo Guarani Kaiowá, do Mato Grosso
do Sul, de acordo com dados Conselho Indígenista Missionário (Cimi). “Ninguém é
condenado quando mata um índio. Na verdade, os condenados até hoje são os
indígenas, não os assassinos”, afirma Anastácio Peralta, liderança do povo
Guarani Kaiowá da região.
“Nós estamos amontoados em pequenos acampamentos. A falta de
espaço faz com que os conflitos fiquem mais acirrados, tanto por partes dos
fazendeiros que querem nos massacrar, quanto entre os próprios indígenas que
não tem alternativa de trabalho, de renda, de educação”, lamenta Anastácio
Peralta.
A população Guarani Kaiowá é composta por mais de 44,5 mil.
Desse total, mais de 23,3 mil estão concentrados em três terras indígenas
(Dourados, Amambaí e Caarapó), demarcadas pelo Serviço de Proteção ao Índio
(criado em 1910 e extinto em 1967), que juntas atingem 9.498 hectares de terra.
Enquanto os fazendeiros, muitos dos quais ocuparam irregularmente as terras,
esparramam-se confortavelmente por centenas de milhares de hectares. O governo
não tem sido competente para agilizar a demarcação de terras e vem sofrendo
pressões até da Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária (CNA). Mesmo em
áreas já homologadas, os fazendeiros-invasores se negam a sair – semelhante ao
que ocorreu com a Raposa Serra do Sol.
É esse massacre lento que a pecuarista apóia, como se as
vítimas fossem os pobres fazendeiros. Só espero que, na tentativa de apoiar a
causa, ela não resolva levar isso para a tela da TV, em um épico sobre a
conquista do Oeste brasileiro, nos quais os brancos civilizados finalmente
livram as terras dos selvagens pagãos.
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