A denúncia foi feita pelo Christians in Paquistan; a família da menina é de origem cristã
Uma menina de 11 anos pode ser condenada à pena de morte no
Paquistão após ter queimado algumas páginas do Noorani Qaida, um livreto
infantil que ensina as principais lições do Corão, o livro sagrado da religião
islâmica. Depois de queimar as folhas, Rifta Maish, que é cristã, as jogou em
um saco de lixo.
Quando souberam do livro queimado, de 600 a 1.000 muçulmanos
furiosos cercaram, aos gritos, a casa da menina, que fica localizada em um
bairro pobre da capital Islamabad. Ela e sua mãe foram agredidas pela população
local.
Uma estrada foi bloqueada durante os protestos e a
comunidade cristã da cidade fugiu junto com os parentes da garota. Acredita-se
que mil famílias tenham deixado Islamabad após o incidente.
A polícia chegou para conter a confusão e
prendeu a menina ,
que está detida, acusada de blasfêmia.
O investigador da polícia Zabhiullah Abbasi afirmou à
agência de notícias France Presse que Rimsha vai ficar em detenção provisória
até o dia 25 de agosto e que, em seguida, comparecerá diante de um tribunal
para ser acusada de blasfêmia.
Esse policial declarou que Rimsha era iletrada, mas
considerou, com base em um exame médico realizado depois de sua prisão, que ela
não apresentava problemas mentais. "A menina tem 16 anos e, de acordo com
o relatório médico, ela é normal", afirmou.
Já o diretor de uma organização que representa as minorias
paquistanesas, Tahir Naveed Chaudhry, declarou neste domingo à AFP que Rimsha
tem Trissomia 21, ou Síndrome de Down.
O presidente do Paquistão, Asif Ali Zardari, solicitou nesta
segunda-feira (20) um relatório sobre o incidente para o ministério do
Interior.
Casos suspeitos de blasfêmia são duramente punidos no
Paquistão, um país muçulmano conservador, onde minorias religiosas vivem com
medo de perseguição.
A controversa lei da blasfêmia, que foi aprovada durante o
mandato do ditador militar islâmico Mohammed Zia-ul-Haq (1977-88), contempla
inclusive a possibilidade da pena de morte por difamação contra o Islã ou o
profeta Maomé.
A lei foi utilizada várias vezes pelas autoridades para
atingir indivíduos de grupos religiosos minoritários. Ativistas e defensores
dos direitos humanos denunciam abusos e pedem que a lei seja abolida. No
Paquistão, país criado em 1947 como pátria para os muçulmanos do subcontinente
indiano, aproximadamente 97% da população é islâmica, segundo o último censo
das autoridades.
Um casal cristão foi condenado a 25 anos de prisão em 2010,
depois de ter supostamente tocado no Corão com as mãos sujas. Em julho deste
ano, milhares de pessoas arrastaram um homem acusado de profanar o Corão, no
centro da cidade de Bahawalpur, o espancaram até a morte e colocaram fogo em
seu corpo.
No Paquistão, país criado em 1947 como pátria para os muçulmanos do subcontinente indiano, aproximadamente 97% da população é islâmica, segundo o último censo das autoridades.
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