Há ainda quem discorde da tese de que a mídia hegemônica
funciona como um partido político. Na verdade, o principal partido da direita
na atualidade. A situação do correntista suíço Eduardo Cunha, que ainda preside
a Câmara Federal, serve perfeitamente para convencer os mais reticentes. Num
primeiro momento, toda a imprensa privada apoiou o achacador. O objetivo maior
era desgastar e – se possível – derrubar a presidenta Dilma. De forma
articulada, a mídia seletiva simplesmente omitiu o seu passado mais sujo do que
pau de galinheiro. Agora, quando não dá mais para esconder as suas sujeiras –,
ela simplesmente decide descartá-lo como bagaço. Os editoriais do Estadão,
Globo e Folha deste final de semana confirmam que a mídia – apesar da
concorrência no mercado – age como uma direção central nos seus intentos
políticos.
Na sexta-feira (11), o jornal Estadão – da famiglia
Mesquita, que redigiu o primeiro projeto de poder dos militares golpistas em
1964 – publicou o editorial “O circo de Cunha”. Após criticar o lobista e sua
“tropa de choque”, o diário exige: “O mínimo que se espera de seus pares é que
afastem Cunha da presidência da Câmara, para que o processo possa ter seu curso
normal e que se restabeleça um pouco de decência num conselho que tem a palavra
'ética' em seu nome".
Como num acerto da máfia, no dia seguinte (sábado), o jornal
O Globo – da famiglia Marinho, que construiu o seu império graças às benesses
da ditadura militar – publicou o editorial intitulado “Venceu o prazo de
validade de Eduardo Cunha”. Após garantir tantos holofotes ao presidente da
Câmara Federal – que antes de ser eleito foi pedir as bênçãos aos filhos de
Roberto Marinho –, O Globo faz um apelo patético a sua criatura. “Ele deveria
renunciar ao cargo, para se dedicar à sua defesa, sem atrapalhar os trabalhos
da Casa. Seu tempo acabou”.
Um dia depois, no domingo (13), a Folha – da famiglia Frias,
que apoiou o setor linha dura da ditadura militar e até cedeu os seus veículos
para o transporte de presos políticos – enterra Eduardo Cunha. No editorial
intitulado “Já chega”, publicado em sua capa, o diário paulista afirma que o
achacador “está com os dias contatos" e explicita os motivos. “Valendo-se
de métodos inadmissíveis a alguém posicionado na linha de sucessão da
Presidência da República, o peemedebista submeteu a questão do impeachment de
Dilma a um achaque em benefício próprio... É imperativo abreviar essa farsa,
para que o processo do impeachment, seja qual for seu desenlace, transcorra com
a necessária limpidez".
Ou seja: para a Folha – assim como para o Estadão e para O
Globo – Eduardo Cunha atualmente é um estorvo. Ele prejudica a cruzada golpista
pela derrubada da presidenta eleita por 54 milhões de brasileiros. Pesquisas
qualitativas confirmam que o atual presidente da Câmara Federal agora atrapalha
o plano dos golpistas. Esse seria um dos principais motivos do fiasco das
marchas pelo impeachment deste domingo. Nem o “midiota” mais tacanho acredita
nos propósitos destes oportunistas. Como diz o editorial de O Globo, o tempo
acabou para estes embusteiros que desrespeitam as urnas e a democracia no Brasil.
Eduardo Cunha virou bagaço... Eles agora precisam de outros personagens!
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