FMI destaca que mulheres estão nas ocupações mais afetadas
pela crise sanitária e assumem mais trabalho doméstico não remunerado.
Trabalho doméstico traz sobrecarga às mulheres |
A crise econômica provocada pela pandemia de Covid-19 pode
comprometer o progresso feito pelas mulheres nas últimas três décadas para
reduzir a disparidade econômica entre os gêneros, alertou o Fundo Monetário
Internacional (FMI) nesta terça-feira (21/07).
De acordo com a entidade, são quatro os principais motivos
que fazem com que as mulheres sejam mais afetadas do que os homens pela crise
que gerará uma contração do Produto Interno Bruto (PIB) global de 4,9%. O
principal deles é que elas ocupam mais cargos em setores fortemente afetados
pelo confinamento, como serviços, varejo e turismo.
Em um texto no blog do FMI, a diretora-geral da instituição,
Kristalina Gueorguieva, e outras quatro colegas, destacam que, no Brasil, 67%
das mulheres atuam em setores que não permitem o teletrabalho. Já nos Estados
Unidos, 54% estão nessa situação e o desemprego entre as mulheres americanas de
abril a junho deste ano foi dois pontos percentuais superior ao dos homens.
O segundo motivo que prejudica as mulheres é que elas atuam
mais em empregos do setor informal em países de baixa renda. Nessa situação,
elas têm salários mais baixos e não têm proteção de leis trabalhistas nem de
benefícios, como pensões ou seguro de saúde. Além disso, a informalidade foi
fortemente afetada pela crise. Na Colômbia, a pobreza aumentou 3,3% entre as
mulheres. A Organização das Nações Unidas (ONU) estima que a pandemia fará com
que 15,9 milhões de pessoas passem a viver na pobreza na América Latina e no
Caribe, elevando o total para 214 milhões, grande parte mulheres.
O terceiro motivo destacado pelo FMI é que as mulheres
assumem mais o trabalho doméstico não remunerado. Elas costumam exercer essas
atividades, em média, 2,7 horas por dia a mais do que os homens. Além disso,
carregam o peso de assumir as responsabilidades familiares resultantes das
medidas de confinamento, como o fechamento de escolas e o cuidado de pessoas
idosas.
Como quarto motivo, o FMI aponta que, normalmente, pandemias
fazem as mulheres correrem mais risco de abandonar os estudos. Em muitos países
em desenvolvimento, as meninas são forçadas a deixar a escola e trabalhar para
complementar a renda familiar.
Mesmo que a situação melhore com a reabertura da economia, a
situação segue mais complicada para as mulheres do que para os homens, já que
elas têm mais dificuldade em conseguir um emprego em tempo integral. Para que o
retrocesso não seja tão grande, o FMI afirma que é crucial que os formuladores
de políticas públicas adotem medidas para limitar os efeitos assustadores da
pandemia nas mulheres.
Entre as medidas que podem ser tomadas, estão a extensão do
apoio à renda para os vulneráveis, a preservação de vínculos empregatícios, o
incentivo ao equilíbrio das responsabilidades no trabalho e nos cuidados com a
família e a expansão ao apoio às pequenas empresas.
Fonte: Deutsche Welle
Nenhum comentário:
Postar um comentário