Vídeo mostra pela primeira vez a comunidade dos Quilimérios,
que se isolaram em Rubim, no Nordeste do estado há quase dois séculos.
Um curta metragem feito de forma artesanal acaba de revelar,
pela primeira vez, as imagens dos remanescentes de um povo que vive isolado há
quase dois séculos entre as belas pedras de granito do município de Rubim, uma
pequena cidade mineira incrustada no Baixo Rio Jequitinhonha, quase na divida
com o sul da Bahia.
Neste belo lugar, um antigo quilombo volante, certamente
vindo do interior da Bahia, resolveu se fixar de vez misturando-se aos índios
para ali em isolamento, até que nas últimas décadas as novas gerações começaram
a mudar para a cidade. São os Quilimérios.
Um pouco da história da comunidade começa agora a ser
desvendada por uma equipe de cineastas e jornalistas mineiros esteve lá e fez o
interessante curta metragem chamado Quilimérios, de 24 minutos, que trata da
história de um povo que vive isolado desde o século XIX. Escondidos entre altas
pedras de lugares quase inacessíveis, os Quilimérios ainda são desconhecidos
por muita gente que vive até mesmo na própria região.
O curta Quilimérios conta um pouco da história deste povo,
mostra cenários deslumbrantes filmados praticamente apenas com celular e drone,
“o que o torna um produto experimental e inovador”, afirma Emerson Penha, o
diretor do documentário. “É impressionante, nos dias de hoje, com tanta
tecnologia, um povo permanecer isolado. Por outro lado, é importante poder
mostrar que o mundo tem lugar para todos, independentemente do seu jeito de ser
e viver. Todos têm direito a viver como desejam e isso precisa ser respeitado”,
observa Penha.
Até hoje o mistério da existência deste povo permanece,
inclusive a origem do nome Quilimérios. Há indícios de que sua origem estaria
ligada aos bantos vindos da África, mas a história que se conta na região de
Rubim é que esse grupo de pessoas foi formado a partir da fuga de um
ex-escravo, Juca Preto, contratado por um fazendeiro da vizinha cidade de Pedra
Azul, onde vivia, para matar alguém importante. Após praticar o crime, Juca
teria fugido para a região onde seus descendentes vivem até hoje. Na fuga,
levou uma mulher indígena com quem deu início à família dos Quilimérios.
São pessoas muito reservadas que cultivam costumes antigos e
têm hábitos comportamentais como o casamento endogâmico. A explicação
sociológica mais razoável é que sejam remanescentes dos quilombos volantes,
grupos nômades formados por afrodescendentes que escapavam do cativeiro,
indígenas expulsos de suas terras e mesmo por brancos que fugiam das cidades
por diversas razões.
Quilimérios é um filme de Emerson Penha, com música de Túlio
Mourão, fotografia de Fábio Damasceno, produção de Zu Moreira, edição de Rafael
Diniz (Fiel) e argumento de Tião Soares.
Assista o filme:
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