Na Inglaterra, escultura de manifestante do Black Lives
Matter é colocada no pedestal onde estava a que foi jogada no rio em junho.
Por - Socialista Morena
A estátua do traficante de escravos Edward Colston, que há
125 anos “ornava” o centro de Bristol, na Inglaterra, e que acabou jogada no
rio por manifestantes antirracistas em junho, foi substituída nesta
quarta-feira pela escultura de uma ativista negra do movimento Black Lives
Matter. O artista Marc Quinn eternizou em resina negra a imagem em carne e osso
de Jen Reid ao subir, de punho cerrado, no pedestal onde ficava o monumento ao
negociante de vidas humanas. A substituição foi feita sem autorização formal
dos órgãos públicos.
Quinn explicou que o título da obra, A Surge of Power (Uma Onda de Energia), veio da
descrição que Jen fez do que sentiu ao ocupar, como uma estátua viva, o
pedestal vazio, quando caminhava de volta para casa após participar das
manifestações. “Foi como se uma corrente de energia elétrica corresse em mim.
Meus pensamentos imediatos foram as pessoas escravizadas que morreram nas mãos
de Colston, e transmitir energia a eles. Eu queria transmitir energia a George
Floyd, queria transmitir energia às pessoas negras como eu que sofreram
injustiças e desigualdades. Uma onda de energia para todos eles.”
Jen e Marc lançaram juntos um manifesto onde explicam seus
sentimentos. “Esta escultura é uma tomada de posição sobre minha mãe, minha
filha, pessoas negras como eu. É sobre crianças negras vendo isso lá em cima. É
algo do qual se sentir orgulhoso, ter um sentido de pertencimento, porque na
realidade nós pertencemos a este lugar, não estamos indo para lugar nenhum”,
disse a ativista.
“Esta escultura captura um momento. Isso aconteceu no meio
das notícias e do efeito cascata ao redor do mundo causada pelo assassinato de
George Floyd, que eu vinha acompanhando”, disse Marc Quinn. “Um amigo me
mostrou a foto de Jen no instagram sobre o pedestal em Bristol, com o punho
erguido em uma saudação Black Power. Meu pensamento imediato foi como seria
incrível fazer uma escultura dela. Contactei Jen pelas redes sociais e ela
topou.”
O artista, que é branco, defendeu a importância de os
brancos com poder se engajarem na luta antirracista. “Tem uma coisa que Desmond
Tutu disse que reverbera em mim fortemente: ‘Se você é neutro em situações de
injustiça, você escolheu o lado do opressor. Eu acho que chegamos num ponto em
que os brancos têm que se aliar e os brancos em posições de poder precisam
falar e combater ativamente o racismo. Para mim isso significa me educar, ouvir
os outros e achar um meio significativo de contribuir.”
Não se sabe ainda como as autoridades da cidade reagirão à
presença da nova estátua. Mas imaginem se acontecesse no Brasil, um monumento a
um destes bandeirantes genocidas sendo derrubado e substituído pela escultura
de um dos indígenas ou de um dos negros que eles assassinaram? E não seria
muito mais significativo para o nosso povo? Te cuida, Borba Gato!
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