Ex-guerrilheiros contaram suas histórias entre músicas revolucionárias na voz e violão do cancioneiro Ciro Ferreira - Foto: Guilherme Oliveira.
Domingo de sol e poesia no
coração da capital gaúcha reuniu Diógenes de Oliveira e Ubiratan de Souza.
Guilherme Oliveira
Brasil de Fato | Porto Alegre
Dois ex-guerrilheiros e um
cancioneiro. Entre eles, algumas gerações de diferença. Porém, a arte aproxima
tudo. E assim como aproximou Diógenes de Oliveira, Ubiratan de Souza e Ciro
Ferreira, aproximou o público de histórias de um tempo em que lutar por seus
direitos era um defeito que matava. Eles sobreviveram a noite de trevas que
durou 21 anos (1964-1985) e, pela sorte dos presentes, falaram sobre os anos de
exílio recordando os diversos países em que viveram.
Diógenes saiu dos porões da
ditadura em troca do cônsul do Japão, em 1970. Ubiratan em troca do embaixador
suíço, em 1971. Pelo mundo, encontraram figuras mitológicas, como Ernesto Che
Guevara e Salvador Allende. Na tertúlia musical "Memórias do Exílio",
que ocorreu no último domingo (21), em Porto Alegre, cada país era relembrado
por pequenos causos seguidos de músicas cantadas e tocadas no violão por Ciro
Ferreira.
Histórias narradas com propriedade por homens que se jogaram de corpo e alma nos processos revolucionários do seu tempo. Se a direita mandava calar, eles respondiam a bala que não iriam aceitar! E assim como o disparo da arma eram os acordes tocados por Ciro, um cancioneiro de mão cheia que fez todo mundo cantar canções como “Y en eso llegó Fidel”.
Uma noite emocionante onde os
anfitriões do Guernica foram muito mais do que os donos do bar. A Travessa dos
Venezianos por si só já é um charme, mas o local que remete a guerra civil
espanhola coordenado por jovens sensíveis e muito progressistas fez parecer que
aquele não era o país governado pelo inominável. Mais parecia uma ilha, tipo
aquele que se encontra no Caribe! Um ambiente acolhedor, fraterno e digno de entrar
para a história, junto com os palestrantes e o músico, como símbolo de
resistência contra o fascismo.
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