Em zonas rurais, o resultado é quase duas vezes pior. Nos domicílios que têm negros como referência, perda é quase 50% m
Indicador lançado nesta sexta-feira (26) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), sobre qualidade de vida, aponta situação pior entre pessoas que vivem em áreas rurais e em família cuja pessoa de referência é negra.
O chamado índice de perda de qualidade de vida (IPQV) foi de 0,158 entre 2017 e 2018 – quanto mais perto de zero, melhor o resultado. Segundo o instituto, o IPQV “leva em conta moradia, acesso aos serviços de utilidade pública, saúde e alimentação, educação, acesso aos serviços financeiros e padrão de vida e transporte e lazer”.
Assim, na área urbana, esse índice ficou em 0,143, enquanto na rural subiu para 0,246. “Isso significa que na área rural, onde viviam cerca de 15% da população do país, a perda era 1,7 vez maior do que na área urbana”, diz o IBGE.
Brancos e negros
Ainda de acordo com a pesquisa, nas famílias que têm o homem como referência, o índice é de 0,151, enquanto no caso das mulheres sobe para 0,169. Essa diferença é mais expressiva no recorte de cor. Nos domicílios onde a pessoa de referência se declarou branca, o IPQV foi de 0,123. Naqueles em que a pessoa de referência era preta ou parda (classificação usada pelo instituto), sobe para 0,185.
“Isso quer dizer que a perda de qualidade de vida do grupo em que a pessoa de referência é preta ou parda é praticamente 50% acima do que se observa no grupo em que a pessoa de referência é branca”, observa o analista da pesquisa, Leonardo Oliveira. “E essa diferença não é pequena, pois faz com que esse grupo em que a pessoa de referência é preta ou parda concentre 66% das perdas reportadas no Brasil”, acrescenta.
Regiões e faixas de renda
Entre as regiões, Norte (0,225) e Nordeste (0,209) apresentaram os piores resultados. Sul (0,115) e Sudeste (0,127) tiveram o índice abaixo da média nacional, E o do Centro-Oeste foi quase igual (0,159). Segundo o instituto, embora a população seja 35% menor, o Nordeste contribui proporcionalmente mais que o Sudeste para o resultado geral: 35,9% e 33,8%, respectivamente.
A discrepância é notória também entre faixas de renda. No caso dos 10% com menor rendimento, o IPQV foi de 0,260. Na outra ponta, os 10% com maior renda, o indicador cai para 0,063. “Isso significa que a perda de qualidade de vida entre aqueles com menor renda foi mais de quatro vezes superior à do grupo com maior renda”, compara o IBGE.
O instituto apresentou também o índice de desempenho socioeconômico (IDS): o indicador que apresenta a capacidade de a sociedade produzir recursos e convertê-los em qualidade de vida. Assim, o IDS do Brasil, no mesmo período, foi 6,201. Entre as unidades da federação, Distrito Federal (6,970) e São Paulo (6,869) registraram os maiores valores. Os menores foram apurados no Pará (5.099) e no Maranhão (4,897).
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