O discurso do presidente
sugerindo que a Amazônia por ser “uma floresta úmida, não pega fogo” foi
prontamente repelido no Congresso Nacional.
Por Iram Alfaia
Nesta segunda-feira (15), em
discurso a investidores árabes em Dubai, Bolsonaro mentiu sugerindo que a
Amazônia por ser “uma floresta úmida, não pega fogo”. Isso acontece após o
Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) divulgar, na sexta-feira (12),
um novo recorde de desmatamento na região em outubro (877 km²). De acordo com o
mesmo órgão, somente este ano foram 70.600 focos de queimadas no local.
O discurso do presidente foi
prontamente repelido no Congresso Nacional. Na opinião de várias lideranças, a
fala dele depõe contra o próprio governo por não representar a realidade. Dados
do Imazon, por exemplo, revelam que a Amazônia perdeu 10.476 km² de floresta
entre agosto de 2020 e julho de 2021. Trata-se da maior devastação dos últimos
10 anos.
“Nós queremos que os senhores
conheçam o Brasil de fato. Uma viagem e um passeio pela Amazônia é algo
fantástico, até para que os senhores vejam que a nossa Amazônia, por ser uma
floresta úmida, não pega fogo. Os ataques que o Brasil sofre quando se fala em
Amazônia, não são justos. Lá, mais de 90% daquela área está preservada. Está
exatamente igual quando foi descoberto no ano de 1.500”, disse Bolsonaro.
“A frase só depõe contra o
próprio governo ao confinar que as queimadas sempre são decorrentes de ação
humana e aumentam com a falta de fiscalização”, disse o vice-presidente da
Câmara dos Deputados, Marcelo Ramos (PL-AM).
O líder do PCdoB na Casa, Renildo
Calheiros (PE), considerou que a fala de Bolsonaro está desconectada da
realidade. “O presidente afirmou que 90% dela está preservada, embora ela tenha
perdido 16% do bioma e 19% da área original”, explicou.
A deputada Alice Portugal (PCdoB-BA) diz que Bolsonaro envergonha o Brasil. “Dados oficiais mostram que a floresta enfrenta recordes de queimadas e desmatamento. O governo promove o maior desmonte das políticas de preservação ambiental. O país só perde com esse ecocida mentiroso”, criticou.
Para o deputado Daniel Almeida
(PCdoB-BA), enquanto a questão climática e ambiental for tratada com chacota,
teremos muito o que temer sobre o futuro. “O que acontece na Amazônia é grave,
e o governo federal mente com desfaçatez aos olhos do mundo. É absurdo, é
imoral”, criticou.
“A quem Bolsonaro pensa que ainda
engana? Por diplomacia, outros países podem até fingir que acreditam nele, mas
o mundo já entendeu o que se passa aqui, para nossa vergonha e tristeza”,
reagiu o líder da Oposição, Alessandro Molon (PSB-RJ).
Turismo bolsonarista
O líder do PT, Bohn Gass (RS),
escreveu numa rede social: “Só um idiota acreditaria que a Amazônia não
incendeia e que o Brasil cresce mais do que a média. Mas foi o que disseram
Bolsonaro e Guedes aos investidores de Dubai. Ou eles acham que seus ouvintes
são imbecis, ou foram mesmo fazer turismo às custas do povo. #MamataEmDubai.”
A vice-líder do PSOL, Fernanda
Melchionna (RS), chamou o presidente de mitomaníaco. “Em Dubai, disse q a
Amazônia está igualzinha desde 1500. Já Guedes, disse q o Brasil cresce acima
da média. Passam vergonha achando q alguém em algum lugar do mundo ñ enxerga o
desastre no qual este desgoverno transformou o país”, postou.
“Bolsonaro mente em Dubai sobre a preservação da Amazônia. Já Guedes, inventa para os investidores árabes que o Brasil está crescendo ‘acima da média’. O desgoverno Bolsonaro tenta vender, em pleno deserto, a imagem de um país que não passa de uma miragem. #mamataemdubai”, protestou no Twitter o senador Humberto Costa (PT-PE).
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