A guerra só foi evitada, porque alguns líderes se comportaram como estadistas, entre os quais Nikita Kruschev, da então União Soviética, e John Kennedy, presidente dos EUA
No Viomundo
Quando, em 1962, a humanidade tremeu diante da crise que se criou acerca dos mísseis que se instalavam em Cuba, com a possibilidade de uma guerra nuclear mundial, o mundo foi salvo pelas atitudes de alguns dirigentes que se portaram como estadistas.
Agora, sofremos com o cenário de
guerra na Ucrânia, assistimos a alguns horrores de guerra, embora limitada, e o
pior: estamos sem estadistas.
Quando o Governo Kennedy
descobriu que mísseis estavam sendo instalados em Cuba pelos russos, a poucas
milhas do território americano, reagiu de forma enérgica, assumindo as últimas
consequências. Com muita justificativa.
Por outro lado, Cuba e Fidel
precisavam se garantir contra outra invasão da Ilha, como aquela na Baía do
Porcos, arranjada pela administração anterior de Eisenhower.
Ele era grande figura daqueles
tempos, a começar pelo fato de ter comandado as forças que derrotaram Hitler
até ter sido o Presidente americano que cobrou o imposto de renda mais elevado
dos ricos. Mas deixou passar os que adoravam fazer guerras.
Kennedy manteve a firmeza, mas
soube negociar.
Kruschev, o líder russo, soube
tirar proveito da situação e obteve compromisso do próprio irmão de Kennedy e
de seu Ministro da Justiça em negociação direta: Cuba não seria invadida e os
americanos retirariam seus mísseis da Turquia e de outras áreas, que era
certamente o que os russos queriam quando estavam instalando seus mísseis em
Cuba.
Os mísseis voltaram para casa e o
mundo respirou em paz. Com estadistas, mesmo com muitos defeitos de cada lado,
é outra coisa.
Agora, a OTAN, aliança militar
que não deveria existir para o bem da paz, sob o comando americano, instala
bases e se implanta em diversos países ao redor da Rússia, assentada em
governos pequenos e medíocres, eleitos em processos confusos a partir do fim da
União Soviética.
A Rússia, já machucada pela
extinção de um sistema político que ela comandava desde 1917, que havia gerado
a segunda economia do mundo, grande população, imenso território, tecnologia avançada,
vê-se cercada mais de perto na Ucrânia, com inimigos declarados que poderiam
até usar armas nucleares, parte para o horror da guerra. Guerra que a
humanidade já não mais imagina vivenciar.
Pela ausência de estadistas, a
humanidade já havia amargado guerras estúpidas, idiotas, desde a Coreia e a
cruel Guerra do Vietnã até mais recentes na Iugoslávia, Kosovo, Iraque, Líbia,
Afeganistão e a pobre gente que sofre no Iêmen sob as armas
sauditas/americanas.
Paira outro mal sobre todas as
nossas cabeças: o aumento do fascismo nas áreas acobertadas pela OTAN, como se
evidenciam nos grupos neonazistas na Ucrânia, com conexões malévolas até no
Brasil,
Falta um estadista na Europa, à semelhança de De Gaulle, que se imponha diante do poder dos Estados Unidos para dizer aos americanos e aos russos que é preciso ter polos de equilíbrio no mundo, que se respeitam e dialogam para o bem da humanidade, e que nenhum país pode ser encurralado.
Acima de tudo, que seja capaz de
conter essas áreas fascistas que se avolumam, se espalham e ganham poder
armado.
A Europa teria este grande papel,
mas está subjugada, sem estratégia própria à altura da sua história, sua
economia e valor do seu povo.
Nos faz lembrar novamente
Eisenhower: todos submetidos aos interesses da indústria armamentista, agora de
braços dados com o sistema financeiro.
*Vivaldo Barbosa foi deputado federal Constituinte e secretário da Justiça do governo Leonel Brizola, no RJ. É advogado e professor aposentado da UNIRIO.
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