Proposta do Conass acontece em
meio ao aumento exponencial de casos da doença no país. OMS e Estados Unidos já
adotaram decisão semelhante.
Por Bárbara Luz
O Conselho Nacional de Secretários
de Saúde (Conass) enviou um ofício ao Ministério da Saúde nesta quarta-feira
(10) propondo que a Monkeypox, popularmente conhecida como Varíola dos Macacos,
seja reconhecida como Emergência de Saúde Pública de Interesse Nacional
(Espin). Assinada pelo presidente do Conass, Nésio Fernandes, a proposta
enviada ao ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, ocorre em meio ao aumento
exponencial de casos no país.
O conselho observa, no documento
enviado a Queiroga, que os casos da doença subiram de 813 infectados, no dia 25
de julho, para 2.293 casos na última segunda-feira (8). Um aumento de 182% em 2
semanas, sendo que até esta data, os dados da pasta apontavam 2.458 casos
confirmados; 3.251 suspeitos e uma morte.
“Consideramos muito importante a
implementação por este Ministério do Centro de Operações de Emergência em Saúde
(COE) para tratar deste tema, assim como outras medidas que vem sendo
desencadeadas para aumentar a sensibilidade da vigilância em saúde, a capacidade
de resposta laboratorial e a organização da atenção aos casos.”, diz o
documento.
Os secretários de saúde se
baseiam na decisão da Organização Mundial de Saúde (OMS), que declarou a
emergência em 24 de julho, elevando o nível de preocupação com a doença e
apontando a necessidade de ampliação da capacidade para contenção da sua
transmissão nos países, e no fato de ainda não haver vacinas em território
nacional. Além da entidade, os Estados Unidos também chancelaram a medida.
“Diante do exposto, propomos que
a Monkeypox seja reconhecida como Emergência de Saúde Pública de Interesse
Nacional”, diz o ofício.
Os casos foram registrados nos
estados de São Paulo (1.748), Rio de Janeiro (278), Minas Gerais (102),
Distrito Federal (92), Paraná (52), Goiás (53), Bahia (25), Ceará (9), Rio
Grande do Norte (8), Espírito Santo (7), Pernambuco (13), Tocantins (1), Acre
(1), Amazonas (5), Pará (1), Paraíba (1), Piauí (1), Rio Grande do Sul (29),
Mato Grosso (2), Mato Grosso do Sul (8), e Santa Catarina (22).
Nível máximo de alerta no Brasil
O COE Monkeypox, órgão que
monitora o avanço da doença no país, classificou a varíola dos macacos com
nível máximo de emergência no território nacional. O nível III é estabelecido
em cenários de “excepcional gravidade” e admite que a situação pode culminar em
declaração da Espin. A classificação está no Plano de Contingência Nacional
para Monkeypox, lançado nesta terça-feira (8). Os níveis de emergência variam
de I a III.
O documento fixa diretrizes para
que os gestores de saúde atuem para prevenir, tratar e combater a doença, além
de trazer orientações a respeito do isolamento de casos suspeitos,
identificação de sintomas, realização de campanhas de conscientização,
testagem, entre outros pontos.
De acordo com o plano, a situação
da doença no país foi classificada como nível III pois já existem casos
confirmados da doença no Brasil, com transmissão comunitária, e ainda não há
disponibilidade de medidas de imunização e tratamento. O texto explica também
que este grau de alerta estabelece:
“Nível III: ameaça de relevância
nacional com impacto sobre diferentes esferas de gestão do SUS, exigindo uma
ampla resposta governamental. Este evento constitui uma situação de excepcional
gravidade, podendo culminar na Declaração de Emergência em Saúde Pública de
Importância Nacional- ESPIN”.
O Plano de Contingência foi
elaborado pelos profissionais que compõem o COE Monkeypox, como, representantes
do Ministério da Saúde, Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass),
Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems), Fundação
Oswaldo Cruz (Fiocruz), Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e
Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) e inclui informações baseadas nas
evidências disponíveis, buscando a contenção e controle da doença no país.
Nenhum comentário:
Postar um comentário