(Pintura "Greve" de Stanisław Lentz) |
Por (Gioconda Belli, Nicarágua, 1948)
Quero uma greve onde vamos todos.
Uma greve de braços, pernas, de cabelos,
Uma greve nascendo em cada corpo.
Quero uma greve
de operários, de pombas
de motoristas, de flores
de técnicos, de crianças
de médicos, de mulheres.
Quero uma greve grande,
que até o amor alcance.
Uma greve onde tudo se detenha,
o relógio das fábricas,
o liceu, os colégios,
o ônibus, os hospitais,
a estrada, os portos.
Uma greve de olhos, de mãos e de beijos.
Uma greve onde respirar não seja permitido.
Uma greve onde nasça o silêncio.
Para ouvir os passos do tirano que marcha.
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