Andrea Matarazzo, conhecido como um dos arrecadadores de campanha dos tucanos de São Paulo, é suspeito de ter recebido propina para facilitar contrato de R$ 73 milhões com a Alstom
São Paulo – Um dos principais nomes do tucanato paulistano, o hoje vereador Andrea Matarazzo está entre os indiciados pela Polícia Federal no caso Alstom. Ele é suspeito de ter recebido propina do grupo francês quando foi secretário estadual de Energia, em 1998, durante o primeiro governo de Mário Covas.
A notícia é do jornal Folha de S. Paulo, que teve acesso ao relatório final do inquérito da PF, de autoria do delegado Milton Fornazari. No inquérito, o nome de Matarazzo aparece em troca de mensagens entre executivos da Alstom de 1997 em que discutiam o pagamento de vantagens para o PSDB, a Secretaria de Energia e o Tribunal de Contas. Matarazzo ocupou a pasta em 1998, período em que um dos contratos da empresa foi assinado.
Ele foi indiciado por suspeita de corrupção passiva. Segundo o relatório, a mensagem que incriminaria Matarazzo se refere a um contrato de R$ 72 milhões pra fornecimento de equipamentos para a EPTE, empresa então controlada pelo governo estadual e posteriormente privatizada.
A PF também indiciou dois executivos da Alstom no Brasil e dois ex-dirigentes da EPTE, Eduardo José Bernini e Henrique Fingerman. A PF investigou negócios da Alstom com o governo de São Paulo entre 1995 e 2003, período que abrange as gestões de Covas (1995 até 2001, quando se afastou por conta do câncer que levou ao seu falecimento) e Geraldo Alckmin (2001 a 2006), em sua primeira passagem à frente do estado. A Alstom também é uma das empresas acusadas pela alemã Siemens de participar de um cartel para manipular licitações do metrô e da CPTM em São Paulo.
O inquérito policial, baseado em informações obtidas pelo Ministério Público da Suíça, foi concluído em agosto de 2012 e encaminhado ao Ministério Público Federal de São Paulo. Segundo a assessoria do MPF, o inquerito está sob análise e estão sendo 0feitas diligências complementares pelos promotores. O processo corre em sigilo.
Em nota, Matarazzo afirmou que nunca teve “conhecimento nem houve qualquer discussão” sobre o contrato no período em que foi secretário de Energia, entre janeiro e agosto de 1998. O vereador disse que seus advogados pediram o arquivamento da investigação.
A advogada Carla Domenico disse que os ex-dirigentes da EPTE Eduardo José Bernini e Henrique Fingermann não cometeram irregularidades e foram acusados em razão das funções que tinham. O advogado da Alstom do Brasil Roberto Lopes Telhada afirmou que os executivos da empresa no país não cometeram ilegalidades.
Homem forte de Serra
Matarazzo é um quadro importante do tucanato paulistano, conhecido nos bastidores políticos como um dos principais arrecadadores de campanha do PSDB. Ele acumula um currículo de peso em cargos ocupados em governos do partido. No governo de Fernando Henrique Cardoso, foi ministro-chefe da Secretaria de Comunicação de Governo da Presidência da República (1999 a 2001).
Na gestão de José Serra à frente da prefeitura de São Paulo era tido como homem forte do prefeito. Foi subprefeito da Sé de 2005 a 2007, acumulando também a Secretaria Municipal de Serviços. Deixou as duas pastas para assumir a pasta de Coordenação das Subprefeituras.
No governo estadual, além da Secretaria de Energia (1998), foi presidente da Companhia Energética de São Paulo (CESP, de 1995 a 1998) e do Conselho da Companhia Paulista de Força e Luz (CPFL). Mais recentemente, foi secretário de Cultura no governo Alckmin de 2010 até 2012. No ano passado, lançou seu nome para disputar prévias internas do partido pela candidatura à prefeitura paulistana. Renunciou, no entanto, em favor de Serra e elegeu-se vereador com 117 mil votos.
Via Rede Brasil Atual
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