Acho que sou bipolar! Mas admito. Eu não fui ao psiquiatra
para me diagnosticar. Eu não tomo remédios controlados, e não sofro
propriamente de instabilidade de comportamento, desses que me levam da euforia
extrema à depressão profunda. Na verdade me expressei mal. Meu coração é
bipolar, não eu. Eu sou apenas o invólucro onde ele habita, totalmente
desgovernado e cheio de si, dono dos meus passos.
Acontece que cada dia, principalmente na TPM, ele (o coração
desgovernado) toma para si um novo papel. Seja o apaixonado, seja o insensível.
Mas qualquer papel que seja, tem a intensidade de ser inteiro, de tomar conta
de mim completamente. A verdade é que hoje eu posso amar com todas as forças,
posso ser solícita e doce, posso ser compreensiva e sorrir pra você. Amanhã já
não sei.Meu coração acorda de acordo com a própria vontade.
Desculpa! eu não tenho controle sobre ele. Amanhã você pode
ser um estranho, alguém que eu nem quero mais na minha vida, ou que eu não vou
me esforçar para agradar. Amanhã, quem sabe, você não caiba no meu peito, não
haja espaço pro seu jeito. Desculpa, eu não tenho controle sobre ele!
Acontece, ainda que hoje, eu posso te querer por perto e pra
sempre, mesmo sabendo que o pra sempre do meu peito dura apenas as próximas 24
horas. E no momento seguinte, quando você virar as costas, eu simplesmente
pense: eu nunca mais quero te ver. Ou eu posso ainda acordar sem graça e sem
viço e o coração acordar comigo, mas como se não batesse. Um coração
insensível, sem espaço pro sentido, vazio. Um ninho intocável onde habita a
solidão.
E no fim do dia, seja qual for o sentimento, o
mais absurdo, o mais intenso, é todo meu e me toma, corpo e alma e coração.
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