Em coletiva, o presidente disse estar aberto ao diálogo com
os mandatários dos países sul-americanos e com a oposição.
O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, afirmou que os
governos do Brasil, do Paraguai e da Argentina trabalham juntos para isolar
politicamente a Venezuela na América do Sul, durante coletiva de imprensa
realizada em Caracas nessa terça-feira (22). "Três dos governos mais
impopulares da região estão atuando contra a Venezuela em um tríplice aliança.
O presidente do Paraguai tem 90% de reprovação do povo. No Brasil, Temer tem
rejeição de 95% da população. E a Argentina tem o governo mais desastroso dos
últimos anos", avaliou.
O termo tríplice aliança na região faz referência à Guerra
do Paraguai, entre 1864 e 1870, quando a Argentina, o Brasil e o Uruguai se
uniram contra o país vizinho e provocaram um genocídio contra o povo paraguaio.
Na coletiva de imprensa, da qual o Brasil de Fato
participou, Maduro também afirmou que, mesmo com a suspensão, a Venezuela irá
manter as relações comerciais com os países do Mercosul. "Ninguém vai
tirar a Venezuela do Mercosul", destacou.
O presidente disse ainda que está aberto ao diálogo com os
presidentes dos países sul-americanos e com os líderes da oposição venezuelana.
"Estou pronto para dialogar e estabelecer acordos concretos com a
oposição, com a mediação respeitosa e soberana da Comunidade de Estados
Latino-Americanos e Caribenhos (Celac)".
Maduro também comentou as últimas declarações do presidente
dos Estados Unidos sobre a Venezuela, nas quais Donald Trump não descarta a
realização de uma intervenção militar no país latino-americano. "É a
primeira vez em 200 anos que os Estados Unidos ameaçam publicamente invadir
militarmente a Venezuela, um país soberano. Isso não é qualquer coisa",
disse Maduro. Segundo ele, Venezuela e EUA vivem o pior momento de suas
relações bilaterais.
Durante a coletiva, que reuniu alguns dos principais meios
de comunicação do mundo, Nicolás Maduro anunciou que enviará uma carta a Trump
para fazer um chamado ao diálogo. "Quero as melhores relações com os EUA.
Somos anti-imperialistas, mas sempre tratamos os EUA com respeito. Nosso
caminho sempre foi o do diálogo", destacou.
Sobre o tema, o presidente venezuelano pediu apoio ao Papa
Francisco para contribuir na mediação das relações entre os dois países.
"Que o papa nos ajude a chegar a um diálogo respeitoso, que nos ajude a
impedir que Trump lance suas tropas contra a Venezuela. Peço ajuda ao papa
contra a ameaça militar dos EUA", disse Maduro.
Medidas econômicas
Maduro também debateu a situação econômica do país durante a
entrevista. Ele informou que o governo venezuelano e a Assembleia Nacional
Constituinte, eleita há poucos dias, estão trabalhando em conjunto para
formular um plano para combater a crise, a inflação e o bloqueio econômico
anunciado pelo governo estadunidense e que o mesmo deve ser implementado nos
próximos meses. "O governo e a Assembleia Nacional Constituinte estão
trabalhando em um amplo plano econômico. Vamos reforçar a distribuição de
alimentos. Já estamos importando trigo da Rússia, por exemplo", explicou.
Desde que começou a campanha pela eleição da Constituinte
Nacional, pães e outros produtos derivados do trigo estão em falta na
Venezuela. O governo acusa os empresários importadores de alimentos de provocar
propositalmente a escassez das mercadorias para gerar o descontentamento da
população. "Foi difícil combater a máfia do trigo", declarou Maduro.
As medidas econômicas, que devem ser anunciadas nos próximos
dias, são esperadas pela população, que amarga uma crise que vem se arrastando
pelos últimos sete anos, mas que se aprofundou em 2017.
Calendário eleitoral
A Venezuela irá manter seu calendário eleitoral para os anos
de 2017 e 2018, de acordo com o presidente. Em outubro desse ano, devem ser
realizadas as eleições para governadores dos 23 estados venezuelanos. E, em
2018, há a previsão de ocorrer as eleições para as prefeituras dos 335
municípios do país e para a Presidência da República.
"Todos os partidos políticos vão participar. Temos 76
organizações políticas, das quais 20 são partidos de alcance nacional. Todos
eles têm candidatos nessas eleições", informou Maduro.
Edição: Vivian Neves Fernandes
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