O primeiro contato do efetivo da Polícia Militar com os trabalhadores
sem-terra foi por volta das 9 horas. Eles protestaram e fizeram barricadas para
bloquear a entrada da fazenda.
Há quase 10 anos, a Fazenda Garça, em Loanda, estava ocupada
por trabalhadores sem-terra. A ação judicial para reintegração de posse
tramitava desde 2010 e foi concluída ontem, com a saída de 32 famílias da
propriedade.
Com o mandado em mãos, o oficial de justiça chegou
acompanhado por um grande efetivo da Polícia Militar. O primeiro contato com os
trabalhadores sem-terra foi por volta das 9 horas. Eles protestaram e fizeram
barricadas para bloquear a entrada da fazenda.
Apesar da resistência, cederam. De acordo com o tenente
Alexandro Marcolino Gomes, oficial de Comunicação Social da 3ª Companhia
Independente de Loanda, não houve agressão física. “O contato com eles foi
pacífico”, afirmou. A desocupação começou às 13 horas.
Com caminhões cedidos pelo proprietário da fazenda, os
trabalhadores sem-terra fizeram o transporte dos móveis, da produção agrícola e
dos animais. Foram levados para diferentes cidades da região. As casas,
demolidas.
Gomes explicou que a partir do momento em que a ordem judicial
é cumprida, cabe ao dono da terra decidir como proceder em relação às famílias
que ocupavam a propriedade. Nesse caso, deu condições para que saíssem e
levassem os pertences para outro local.
Além da segurança durante a saída das mais de 100 pessoas, a
Polícia Militar providenciou alimentação e água. Segundo o major Luiz Carlos
Martins da Silva, comandante da 3ª Companhia Independente de Loanda, o objetivo
foi garantir o bem-estar dos trabalhadores.
A operação de reintegração de posse reuniu 300 policiais
militares de Loanda, Paranavaí, Maringá, Campo Mourão, Cianorte, Umuarama e
Cruzeiro do Oeste. Foram cerca de 50 veículos e uma aeronave.
TRABALHADORES - O presidente da Associação de Moradores
Acampamento Loanda, Cesário dos Santos Neto, disse que os trabalhadores que
ocupavam a propriedade viviam em comunidade. Uns ajudando os demais. Mas sempre
sem apoio das autoridades políticas.
“Estamos lutando, sobrevivendo da terra. Eu tinha aqui minha
plantação de mandioca, minha criação de porco, meu poço artesiano. Agora, todo
o dinheiro que investi foi perdido”.
Santos Neto contou que a maioria dos trabalhadores não tinha
para onde ir, por isso, essas famílias estão recorrendo a parentes e amigos.
Para todas essas pessoas, afirmou, sair da propriedade é deixar para trás o
sonho de uma vida melhor.
REGIÃO - De acordo com o tenente Alexandro Marcolino Gomes,
apenas duas fazendas da região estavam ocupadas até ontem. Com a reintegração
de posse concretizada em Loanda, resta uma, em Querência do Norte.
BR-376 - A operação de reintegração de posse exigiu a
interdição da BR-376. O objetivo foi garantir a segurança dos policiais, dos
trabalhadores sem-terra e dos motoristas que precisavam passar em frente à
fazenda. O bloqueio durou cerca de 40 minutos e foi organizado pela Polícia
Rodoviária Federal.
Via - Diário do Noroeste
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