De acordo com a presidenta da União Nacional dos Estudantes
(UNE), Marianna Dias, o desmonte da educação deve gerar o esvaziamento da
universidade e inibir o acesso de alunos aos cursos de ensino superior em
instituições públicas, formando uma geração de estudantes “Sem/Sem”, ou seja,
sem estudo e sem trabalho.
As universidades vêm sofrendo uma sequência de cortes pelo
governo Michel Temer. Até agora, o Ministério da Educação (MEC) teve um dos
maiores cortes, de R$ 4,3 bilhões, o que representa uma diminuição de 12% no
montante anteriormente definido em R$ 35,74 bilhões, provocando o definhamento
de um projeto educacional democrático e inclusivo que se consolidava no Brasil.
O cenário atual é catastrófico, a Universidade do Estado do
Rio de Janeiro (Uerj) está com as aulas suspensas, sem previsão para retorno; o
Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) pode
interromper pagamento de bolsas por falta de orçamento em setembro e a
Universidade de Brasília (UnB) tem um deficit acumulado de mais de R$ 100
milhões no ano; esses são apenas alguns dos exemplos de desmonte dessa política
que trata a educação como gasto e não como investimento.
Diante deste contexto, a presidenta da UNE conversou com o
Portal Vermelho e trouxe a perspectiva de como isso irá afetar o estudante na
prática e também quais serão as consequências dessas restrições orçamentárias.
“Essa visão de que a educação é um gasto é o que gera toda
essa problemática, porque o governo não busca caminhos para solucionar essa
crise na educação que não seja a retirada de direitos”, disse Marianna Dias.
Na prática, o que acontece é que as universidades não têm
como pagar o salário dos professores, pagar as contas de luz e água e, muito
menos, manter os restaurantes estudantis, bolsas e outras políticas voltadas
para os estudantes.
“Na minha opinião, todo esse desmonte da educação, essa
falta de prioridade pode gerar o esvaziamento da universidade e inibir também o
acesso dos estudantes. Na década de 1990, era comum você entrar em uma escola
pública e perguntar aos estudantes quantos deles achavam que iriam estudar em
uma universidade, um, dois no máximo levantavam a mão. Já na década de 2000 o
cenário mudou, o comum era a maioria dos estudantes levantar a mão para essa
pergunta”, ponderou a presidenta.
Ela completou dizendo que enquanto na década de 1990 as
pessoas tinham dificuldade de entrar na universidade pública, agora talvez,
elas não queiram entrar porque não conseguirão se manter ou até porque há um
cenário incerto quanto ao futuro das instituições públicas.
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