Erram os que pensam que nos contentamos com o pouco.
Enganan-se os que imaginam que a dignidade de um injustiçado seja alcançada com
a assistência parca de pão e de água a qual nos submetem o excludente sistema
que beneficia a poucos. Nossa fome e sede não se resumem em comida e bebida,
não é por um salário que valha arroz e feijão que clama nossa gente
injustiçada.
Passaram e passarão gerações de oprimidos, milênios já
passaram, e os extremos sociais? Continuarão existindo? O opressor e o oprimido
continuarão respectivamente compondo a sociedade humana?
Serão sempre rebeldes, subversivos e agitadores aqueles que
recusam a conivência com a injustiça financiada pelo sistema explorador?
Nossa fome e sede estão muito além da fome e da sede
natural, nossa fome e sede é acima de tudo por dignidade, pelo direito que nos
garanta uma vida com qualidades básicas.
Jesus Cristo, o líder mais conhecido e um dos mais cultuados
pela humanidade, chamou de bem aventurados os que têm fome e sede de justiça,
do início da humanidade até Cristo, muitos foram os ‘bem aventurados’, de
Cristo até nós, outros tantos existiram, existem e ainda existirão. Não é certo
que a desejada justiça chegará aos homens, porém sempre estará entre os homens
a esperança de serem saciados.
Não é de hoje que o sistema dominante resume justiça em pão
e água, definitivamente sabemos que justiça não é isso, nossas forças, nossa
saúde, nossa vida, não valem tão pouco, esmola nunca saciará os tantos famintos
que existem.
São gerações, são milhões que clamam por dignidade, e ela,
um dia virá?
Dizem que tudo tem seu tempo determinado, se assim for, pode
ser que um dia chegue aos homens vindouros o que nunca chegou até nós, a
justiça em sua total abrangência.
Aos que se deleitam na miséria alheia, atentem-se, a
humanidade por hora ainda vem suportando o arrocho, mas, chegará o dia em que
ela tal qual um vulcão adormecido entrará em erupção, e de suas fumegantes
larvas, não ficará uma pedra sobre a outra.
Se não saciarem aos que tem fome e sede de justiça o fim
estará fadado ao caos completo.
Pensem nisso os senhores detentores do poder, os mesmos
senhores que julgam ter nas mãos o controle do sono de um vulcão que ainda
adormece.
Mateus Brandão de Souza – Graduado em História pela FAFIPA
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