O Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em São Bernardo do
Campo, voltou a reunir milhares de pessoas em torno do ex-presidente Luiz
Inácio Lula da Silva, que retornou ao local depois ser libertado na tarde desta
sexta-feira (8) beneficiado pela decisão do STF que considerou inconstitucional
a prisão de réus condenados em segunda instância. No discurso que encerrou o
ato em sua homenagem, Lula criticou o presidente Bolsonaro e afirmou que é
preciso resistir ao desmonte do país.
Uma multidão acolheu Lula no sindicato que o formou como liderança social e política |
O ex-presidente Lula voltou à sede do Sindicato dos
Metalúrgicos do ABC, em São Bernardo do Campo, exatos 581 dias depois de sair
do mesmo lugar preso pela Polícia Federal por determinação do então juiz
federal Sergio Moro, que o havia condenado num processo judicial eivado de
irregularidades denunciados pelo advogados de defesa e confirmados pelas
revelações do site The Intercept. No dia 7 de abril de 2018, ao anunciar para a
multidão presente ao sindicato há mais de 24 horas, que iria se entregar, Lula
afirmou que ele já não era mais apenas um homem, mas uma ideia e as ideias não
podem ser presas. Neste sábado (9), ele voltou a reafirmou o que havia dito e
disse que está disposto a andar pelo país para ajudar a recuperar o país.
Diante de milhares de pessoas que ocuparam as ruas em torno
do sindicato e cercado por dirigentes e parlamentares de partidos de esquerda,
lideranças sindicais e do movimentos sociais, velhos amigos dos tempos em que
dirigiu a entidade, Lula afirmou que “é uma questão de honra a gente recuperar
esse país. A gente tem que seguir o exemplo do povo do Chile e resistir.”
Afirmou que pretende juntar sua experiência de 74 anos à energia de quem tem 30
anos para fazer muita luta, todos os dias, para brigar pelo país. "Aos 74
anos de idade eu não posso ter ódio mais no meu coração. Eu estou de bem com a
vida e vou lutar nesse país”, enfatizou Lula, relembrando seus tempos de
Lulinha paz e amor.
Com a experiência de já ter participado de várias caravanas
e de cinco campanhas eleitorais como candidato, Lula afirmou que está disposto
a andar pelo país. Na sua opinião “não é possível que a gente viva nesse país
vendo cada dia mais os ricos ficarem mais ricos e os pobres ficarem mais
pobres." O ex-presidente acredita que “só iremos salvar esse país se a
gente tiver coragem de fazer um pouco mais. Nós estamos vendo o que está
acontecendo com o Chile, que é o modelo de país que o Guedes quer construir.”
Lula disse ainda que "eles têm que explicar por que estão apresentando um
projeto econômico que vai empobrecer ainda mais a população brasileira” e
destacou o retrocesso provocado pelo governo Bolsonaro demonstrado pela
pesquisa recente do IBGE que identificou 50% da população ganhando 413 reais
por mês
Sobre sua condenação pelo juiz da Lava Jato, Lula disse que
o única objetivo foi retirá-lo da disputa eleitoral de 2018. “O que eles não
sabem é que um povo como vocês não depende de uma pessoa, mas é um coletivo.
Cassaram o Lula e o Haddad quase foi eleito”, afirmou. Apesar de ter obtido sua
liberdade, o ex-presidente não desistiu da luta na justiça. "Nós ainda não
ganhamos nada. O que nós queremos agora é que seja julgado um habeas corpus
anulando todos os processos feitos contra mim, porque já existe argumento
suficiente pra provar que o Moro é mentiroso”, destacou.
Demonstrando ter clareza que a luta não se restringe apenas
ao Brasil, Lula lembrou que na Bolívia Evo Morales foi eleito para quarto
mandato, mas a direita, a exemplo do que fez no Brasil em 2014 contra Dilma
Rousseff, não quer aceitar o resultado. Destacou ainda a luta em curso no
Chile, contra o modelo excludente que impera naquele país, lembrou a vitória de
Alberto Fernandez contra Maurício Macri, na Argentina, e enfatizou que “nós
temos que ser solidários ao povo da Venezuela. Quem decide o problema do país é
o povo do seu país. O Trump não foi eleito para ser xerife do mundo."
Ao final, Lula afirmou que pretende fazer um pronunciamento
à nação dentro de algumas semanas. Afirmou que pretende reunir com muitas
pessoas para analisar mais detalhadamente a situação do Brasil e apresentar
algumas ideias para ajudar a superar as dificuldades que o Brasil vive.
Encontro com o PCdoB
Antes de subir ao palanque de onde discursou para as
milhares de pessoas que foram homenageá-lo, Lula ficou um longo tempo na sede
do sindicato. Entre as muitas pessoas com quem esteve, recebeu uma delegação de
membros do Comitê Central do PCdoB liderada pela presidenta nacional, Luciana
Santos e composta por Renato Rabelo, presidente da Fundação Mauricio Grabois;
Jandira Feghali, deputada federal; Vanessa Grazziotin, ex-senadora; Carina
Vitral, presidenta da União da Juventude Socialista (UJS); Flávia Calé,
presidenta da Associação Nacional dos Pós-Graduandos, acompanhada da filha
Aurora, e Rubens Diniz, ex-dirigente da Organização Continental Latino
Americana de Estudantes. O PCdoB é autor da Ação Declaratória de
Constitucionalidade (ADC) 54, que, junto outras duas ações, uma da OAB e outra
do Patriota, foram julgadas pelo STF na quinta-feira (7) e possibilitaram a
libertação de Lula.
Da redação
Fonte – Portal Vermelho
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