Ruth de Aquino |
Por Ruth de Aquino em O Clobo
Via - Blog do Juka Kfouri
Vamos chamar a coisa pelo nome. O presidente eleito por
milhões de brasileiros não é louco. Psicóticos e neuróticos podem ser
classificados assim. Eles sofrem e enxergam o sofrimento do outro. Eles não têm
método. Bolsonaro é diferente. Pelos estudos da psiquiatria inglesa no século
XIX, Bolsonaro se encaixaria em outra categoria: a dos psicopatas. Conversei
com o psicanalista Joel Birman para entender essas fronteiras entre transtornos
mentais. "A psicopatia não é uma loucura no sentido clássico, mas uma
insanidade moral, um desvio de caráter de quem não tem como se retificar porque
não sente culpa ou remorso". Os psicopatas são "autocentrados, agem
com frieza e método". "Não têm método. Bolsonaro é diferente. Pelos
estudos da psiquiatria inglesa no século XIX, Bolsonaro se encaixaria em outra categoria:
a dos psicopatas.
Conversei com o psicanalista Joel Birman para entender essas
fronteiras entre transtornos mentais. "A psicopatia não é uma loucura no
sentido clássico, mas uma insanidade moral, um desvio de caráter de quem não
tem como se retificar porque não sente culpa ou remorso". Os psicopatas
são "autocentrados, agem com frieza e método". "Não têm empatia
em relação ao outro, o que lhes interessa é o que lhes convém". A palavra
psicopatia vem do grego psyché, alma, e pathos, enfermidade.
A pandemia só tornou esses traços de Bolsonaro mais
gritantes. Desde os primeiros grandes gestos do presidente, ficou claro, disse
Birman, que seus atos "são marcados por crueldade e violência".
Proposição de liberar fuzis para civis. Proposição de acabar com os radares nas
estradas. Proposição de não multar a falta de cadeirinha para crianças.
Proposição de acabar com os exames toxicológicos para motoristas de caminhão,
ônibus e carretas. Proposição de legalizar o garimpo predatório nas florestas e
terras indígenas. Tudo isso é um atentado à vida.
Eu poderia lembrar o que muitos teimam em esquecer. Que
Bolsonaro já era assim antes de ser eleito. Quem defende torturador e condena
as vítimas, publicamente, no Congresso, não é uma pessoa que preza a vida. Não
surpreende, portanto, que o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal
Federal, denuncie, sem meias palavras, a "política genocida" de
Bolsonaro. O presidente pode trocar seu ministro da Saúde, mas será barrado
pelo STF se insistir em condenar o isolamento social e ameaçar a saúde pública.
Ao criar uma realidade paralela, Bolsonaro desfruta sua
liberdade de ir e vir sem se importar com as consequências de seu exemplo. Não
só para velhos mas para jovens que também não resistem ao vírus. Ele refuta a
ciência, ignora as normas sanitárias nacionais e internacionais, receita
remédios polêmicos sem autoridade para isso, ironiza quem se isola, chamando a
mim e a você de "moleques". Coloca em maior risco os pobres e
vulneráveis. O presidente é uma temeridade ambulante.
Ao se recusar a divulgar o resultado de seu exame, despreza
a população, se acovarda e age diferente dos homens públicos que honram seus
cargos. Pode até ser que esteja imune após uma versão branda da Covid-19 e por
isso se sinta apto a saracotear pelas ruas e padarias, mexendo em dinheiro e
comida, enxugando o nariz e apertando as mãos do povo aglomerado. Bolsonaro não
é tosco. Nem burro. Nem inconsequente, leviano ou louco. Vamos chamá-lo pelo
adjetivo correto? Bolsonaro é perverso, ao estimular um comportamento de
altíssimo risco.
A OMS classifica a psicopatia como um transtorno de
personalidade caracterizado por um desprezo das obrigações sociais. A
psiquiatra Ana Beatriz Barbosa, autora do livro Mentes perigosas, diz que a
"psicopatia não é uma doença, é uma maneira de ser". O psicopata,
segundo ela, sempre vai buscar poder, status e diversão. Enxerga o outro apenas
como um objeto útil para conseguir seus objetivos.
Todos nós precisamos reagir a Bolsonaro. É urgente. Não
podemos nos tornar cúmplices no crime de lesa-humanidade. Omissão também mata.
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