Por Manoel Bandeira
O poema abaixo retrata o cotidiano degradante do homem que
atingiu o ápice da miséria. Quem nunca se deparou com uma cena como a descrita
no texto de Manuel Bandeira? Lamentavelmente, esses fatos acontecem tão
rotineiramente que muitos já nem se importam...
O Bicho
“Vi ontem um bicho
Na imundície do pátio
Catando comida entre os detritos.
Quando achava alguma coisa,
Não examinava nem cheirava:
Engolia com voracidade.
O bicho não era um cão,
Não era um gato,
Não era um rato.
O bicho, meu Deus, era um homem”.
Manuel Carneiro de Souza Bandeira Filho nasceu em 19 de
abril de 1886 em Recife. Em 1903 foi para a cidade de São Paulo a fim de cursar
Engenharia na Escola Politécnica. No entanto, em decorrência do acometimento de
tuberculose, não pôde concluir o curso. A partir de então, passa por verdadeira
peregrinação por diversas cidades e casas de saúde, tendo, inclusive, se mudado
por um ano para a Suíça com o intuito de livrar-se da doença. Ao voltar para o
Brasil tornou-se inspetor de ensino e depois professor de literatura.
Em 1917 publicou seu primeiro livro – A Cinza das Horas –
com características parnasianas e simbolistas. Posteriormente à publicação de
seu primeiro livro, o poeta foi se enquadrando no estilo modernista, culminando
com a publicação em 1930 da obra Libertinagem, considerada uma das mais
importantes da literatura moderna brasileira.
Na obra de Bandeira predominam a liberdade de conteúdo e de
forma, o retrato do cotidiano, a sua própria história de vida, o humor,
a indignação com a realidade do homem e a idealização de um mundo mais
justo. O autor conseguiu reunir em sua poesia subjetividade e objetividade e o
resultado foi perfeito.
(FONTE: Literatura em conta gotas)
Por Mateus Brandão de Souza, Graduado em história pela
FAFIPA.
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