Presencio neste momento a terceira badalada da hora matinal
em uma madrugada de sul do mundo, no ermo, no fim do mundo. Lá fora, além da
escuridão, um clima incomum dá à noite características únicas. O silêncio, vez
ou outra é interrompido pelo longínquo ladrar de um cão ou pelo grito pouco
amistoso de uma coruja maldizente ou ainda, pelo cantar histérico dalgum
quero-quero que nunca dorme.
Em alguns instantes, a noite deixa audível os sons do
silêncio, indecifráveis, misteriosos, talvez sejam os fantasmas, ou animais
noturnos, ou ainda, seres irreconhecíveis que existem no além ou no imaginário
das mentes que tudo pensa, são sons enigmáticos, idiomas, comunicações do que
não existe e que são ouvidos apenas nas madrugadas por quem não dorme.
Ao longe a cidade adormecida, nesta noite gélida de
princípios de agosto. E o pensamento deste pensador, segue a vagar, meditando,
lembrando de muitas coisas, de tantos rostos, de tantas cenas. Uma mescla de
sentimentos povoam meu cérebro, risos, melancolias, culpa, pena e tantos outros
sentidos habitam minha massa cinzenta,
onde ansiosamente conto o crepitar dos minutos que falsamente parecem
vagarosos.
Quantas vidas, quantos sonhos estarão nascendo ou
ceifando-se neste momento? E os devaneios continuam... De minha alcova, viajo a
mundos, a passados e a planetas. No céu límpido cintilam estrelas majestosas.
De vez enquando, algum meteorito incendeia-se na abóbada escura. Luzes
longínquas dão sinais de vida e se exibem quais vaga-lumes distantes dando
prova da existência de que alguém habita aquele afastado ermo.
Neste instante, a grande maioria dos humanos dormem, onde ao
raiar do sol, buscarão suas vidas, se envolverão em suas ilusões. E o tempo não
para...
Os devaneios são contínuos, os por quês, florescem em minha
mente, me encontro acordado, em uma madrugada onde o frio não dá trégua, tal
qual o que não se pode medir, um turbilhão de pensamentos manifestam-se em
minha cabeça. A madrugada continua a noite impera em parceria com o frio, e eu
sigo meditando, tecendo no tear imaginário a minha loucura e minha lucidez...
Neste embaraço de tantas cenas amontoadas em meu imaginário,
concluo:
O PENSAMENTO É ALGO INCRÍVEL.
Mateus Brandão de Souza, graduado em História pela FAFIPA.
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