Mais do que repetir – e acentuar – a retomada do favoritismo de Dilma Rousseff para as eleições presidencias de daqui a um ano, a pesquisa Vox Populi mostra duas coisas, a meu ver, extremamente sintomáticas do processo de formação de consciência popular.
A primeira é a de que o “muro”, a ausência de definições, tão amada pelos políticos brasileiros, se podem funcionar em eleições locais, estão muito longe de representar um handicap para candidaturas presidenciais, ao menos numa fase inicial, de formação dos campos em disputa.
Talvez tenha sido essa a principal razão de Marina Silva não ter conseguido represar, em suas preferências de voto, a “onda” que lhe veio das manifestações de junho onde a revindicação do “politicamente correto” vestia como uma luva as mãos limpas e bem tratadas de quem não tem de revolver a política real.
Mas, quando chegou a hora da polêmica real, o silêncio e a ausência política de Marina foram um dique aberto para o refluxo: alguém consegue se lembrar do que ela disse, de que posições assumiu sobre o plebiscito, ou sobre o “Mais Médicos”?
O mutismo é, como se sabe, o dircurso dos que não querem – ou não desejam, por razões eleitorais – se revelar.
A contagem e a verificação de assinaturas da tal Rede ficou reduzida ao único tema, ainda assim burocrático, sem um vigor político convincente de algo ali seja para valer e não um projeto político pelo qual se dá a vida, que dirá as palavras.
A “onda” encheu e esvaziou e, embora sempre se vão os grãos de areia mais leves, a praia continua lá. Três meses depois, apenas três pontos a mais do que tinha antes.
A segunda observação se complementa a esta.
Massacrado, silenciado, humilhado por seus próprios “companheiros” – a quem, quando tinha poder, tratou, aliás, da mesma forma – José Serra mostra que é o candidato que mais tem conteúdo e identidade reacionários.
“Serra levaria os tucanos a 18% das intenções de voto, porcentual idêntico ao de Marina”, observa Marcos Coimbra. Muito acima, a esta altura, que os 13% registrados por Aécio com toda a exposição que tem.
Serra é, sem dúvida, a candidatura mais sólida – o que não quer dizer mais promissora – do campo conservador. Se decidir ser candidato, contra a vontade da cúpula tucana, é obvio que o PPS lhe abrirá as portas até o último minuto do prazo legal. E isso é praticamente o fim de qualquer possibilidade de Aécio de tomar a frente entre os candidatos de oposição ao governo, porque será inevitável que eles sejam “inimigos” na disputa pelo voto conservador e pelo ragional (SP e MG).
A indefinição, até agora, tem sido inimiga da oposição, porque a paralisia.
Fernando Brito
No Tijolaço via Com Texto Livre
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