Articulação está em oito cidades do Paraná, com participação
de mais de 30 médicos
Brasil de Fato | Londrina (PR)
Já imaginou um projeto de Saúde formado por uma rede de
médicos e médicas comprometida com a população, com os movimentos sociais e com
o Sistema Único de Saúde (SUS)? Então já pode começar a materializar a ideia,
em desenvolvimento no Paraná por meio da Rede Nacional de Médicos e Médicas
Populares do Paraná, composta por 33 profissionais, de oito cidades do estado:
Curitiba, Francisco Beltrão, Coronel Vivida, Condoí, Londrina, Mauá, Maringá e
Foz do Iguaçu.
Segundo Hugo Leme, médico que integra o projeto no estado, a
Rede propõe uma Saúde mais próxima à população, que é justamente onde ela deve
estar. O médico de 26 anos, participante da Rede em Londrina, explica que a
troca de saberes entre os profissionais e o conhecimento popular gera uma ideia
diferente sobre saúde, que não esteja concentrado apenas nos detentores da
teoria acadêmica e nos gestores políticos, mas que seja partilhado e reforçado
com os saberes populares.
Para o profissional, esse processo cria novos laços entre
médicos, trabalhadores e a população em geral, fortalecendo a rede de saúde
pública e o Sistema Único de Saúde (SUS). Ao mesmo tempo, diante da atual
conjuntura política do governo federal, de perda de direitos dos trabalhadores,
Hugo Leme acredita ser fundamental a organização em sintonia com os movimentos
sociais: "É assim que vamos lutar por uma nova sociedade, para que o povo
possa participar das esferas de decisão e do processo de distribuição de
riquezas. Queremos a Saúde ao lado da população e não do lado dos empresários e
sua máquina industrial, que na reprodução da doença e do sofrimento vêm uma
fonte inesgotável de lucros", sintetiza.
Organização
A Rede começou a se organizar em âmbito nacional e a
realizar ações em 2015, diante dos retrocessos nas políticas sociais do país,
entre elas a Saúde, com cortes de verbas para o SUS. No Paraná, a iniciativa
começou no mesmo ano. Um segundo encontro efetivou-se em abril de 2016, no
município de Lapa (região sul do estado), reunindo cerca de 20 pessoas. Desde a
articulação estadual, foi incentivada a criação de núcleos em cada município. O
núcleo de Londrina trabalha principalmente por meio de minicursos, trazendo
discussões temáticas e o compartilhamento de conhecimentos sobre a medicina
convencional. "Sempre aprendemos muito tanto com as práticas de
bioenergia, de fitoterapia e outras formas de observar o processo de
saúde-doença e com a vida das pessoas", conta Leme.
Uma das oficinas ocorreu no final de julho, no acampamento
Fidel Castro, situado na cidade de Centenário do Sul e organizado pelo
Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), com a adesão de 60 pessoas.
O tema explorado foi Primeiros Socorros e contou também com a participação de
quatro moradores convidados da Ocupação Flores do Campo, de Londrina. "Foi
muito importante para o nosso povo, inclusive com o uso de um vocabulário
próximo a nós. Esperamos que continuem fazendo esse trabalho conosco por muito
tempo", comentou a técnica de enfermagem, Verani Bialozurm Martins, que
esteve na atividade em Centenário do Sul e integra o setor de Saúde do MST.
Edição: Ednubia Ghisi
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