A entrevista do professor
José Arthur Giannotti na Folha é mais um daqueles “brilhantes
raciocínios” uspianos, onde o mundo deveria ser
uma emanação de pensadores e a realidade é sempre uma porcaria da qual
se deve manter um ascético distanciamento acadêmico. Esquerda, como se sabe, é
algo que se encontra numa biblioteca; na rua é “populismo”.
No meio deste cascalho todo, porém, o mau-humor de Giannotti
faz brotar um diamante, que está “bombando” nas redes, nos “trending topics” do
Twitter:
O PSDB morreu. Quer que eu fale de defuntos? O PSDB não é
mais um partido. Funcionava como um partido quando as decisões eram tomadas em
bons restaurantes e todos estavam de acordo. Agora isso não há mais.
Diamante burilado, já, ao qual não falta o rebrilho dos
“bons restaurantes” que fizeram às vezes de biblioteca, com os acadêmicos como
livros da sabedoria.
Giannotti promoveu, com seu atestado de óbito, um momento
daquele como tínhamos na ditadura, onde notícia boa, dizia-se, só se lia nos
obituários dos jornais.
Mas o velho professor não diz que é herança do de cujus é
esta desgraça em que vivemos, com um tipo como Temer elevado ao governo pelo
tucanato, num processo em que o tucanato cevou um escroque como Eduardo Cunha.
Não lembrou, também, que o último ovinho do ninho é oco, uma
espécie de “Kinder-Ovo” de onde sai um espertalhão que quer se fazer de Macron,
embora sua alma-mater não seja a Sorbonne, mas Miami.
Veja o que se tornaram os “sábios”: uns bocós aos quais
qualquer Aécio ou Doria passa a perna.
Nem diz que Jair Bolsonaro, caricatura de 64, surgiu na
esteira do processo de histeria de autoproclamados social-democratas que sequer
tem coragem de abrir a boca contra ele, de tanto que a tem ocupada como o “viva
Moro e morra Lula”.
Está bem, professor, o PSDB morreu. Mas não se pode deixar
de dizer que empestiou o ambiente deste
país e precisa ser enterrado, antes que, além disso, nos legue um zumbi.
Fernando Brito
No Tijolaço
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