Criado por D. João em 1808, o banco brasileiro será rifado
por Bolsonaro com a anuência dos próprios descendentes da família real.
LITOGRAVURA DO BANCO DO BRASIL POR PIETER GOTFRED BERTICHEM, NA RUA DA ALFÂNDEGA, RIO,, 1854 |
Via – Socialista Morena
Em Dallas, na semana passada, Paulo Guedes, ministro da
Economia do governo de extrema direita de Jair Bolsonaro, declarou que pretende
anexar nosso Banco do Brasil ao Bank of America. “Vamos procurar fazer uma
fusão entre o Banco do Brasil e o Bank of America. São bancos bons para
empréstimos agrícolas. Já fizemos uma nova relação entre a Embraer e Boeing.
Vamos construir empresas transnacionais. Vamos ultrapassar as nossas fronteiras
na procura de melhores oportunidades econômicas”, disse o ministro, na tradução
feita pela NBR.
É curioso ver como não houve nenhuma reação dos setores
conservadores e ditos “patriotas” contra a intenção do ministro de transformar
o Banco do Brasil, uma instituição com mais de 200 anos de história, na filial
de um banco privado norte-americano. Mais espantoso ainda: como é que os
monarquistas, aliados de Bolsonaro, não deram nem um pio em favor do banco
criado pelo príncipe regente D. João em 1808, quando a família real se mudou
para o Brasil? Por que o “príncipe” Luiz Philippe de Orleans e Bragança,
deputado federal pelo partido do presidente, não defende uma instituição criada
pelos seus antepassados?
Havia apenas três bancos emissores no mundo –na Suécia, na
França e na Inglaterra– quando D. João decidiu fundar o Banco do Brasil. É bem
verdade que, desde o princípio, os Bragança nunca tiveram muito amor pela
instituição que criaram. Quando a família real retorna para Portugal, em 1821,
promove um verdadeiro desfalque no banco, levando absolutamente todos os metais
e joias que haviam nos cofres, deixando os clientes que confiaram suas
economias à entidade literalmente a ver navios. O banco acabou fechando em
1829, mas foi recriado em 1853 pelo imperador Dom Pedro II, tetravô do
“príncipe” bolsonarista atual.
Em julho daquele ano, Dom Pedro sanciona a Lei nº 683, que
cria o Banco do Brasil, iniciativa do Presidente do Conselho de Ministros e
Ministro da Fazenda, Joaquim José Rodrigues Torres, futuro Visconde de
Itaboraí. Seus novos estatutos foram aprovados pelo decreto n. 1.223, de 31 de
agosto de 1853, que autorizou a fusão do Banco Comercial do Rio de Janeiro,
criado em 1838, e do Banco do Brasil, fundado em 1851 por Irineu Evangelista de
Souza, o futuro barão de Mauá, reunindo, assim, os capitais necessários para
sua abertura. É este o Banco do Brasil que Paulo Guedes quer transformar em
Bank of America.
Os monarquistas parecem não estar nem aí para isso, embora
durante as manifestações pelo impeachment de Dilma Rousseff andassem pela
avenida Paulista e outros pontos de encontro da extrema direita distribuindo
uma “cartilha monarquista” onde se gabavam dos “benefícios trazidos pelo
império ao país”, como… o Banco do Brasil, a Casa da Moeda e a Caixa Econômica
Federal, outros alvos da sanha privatista de Guedes.
Que “patriotas” são estes que não defendem o patrimônio
brasileiro? Que “patriotas” são esses que aceitam ver o Banco do Brasil
transformado em Bank of America? E que monarquistas são esses que não saem em
defesa de uma instituição criada por seus próprios antepassados?
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