Cristiano Zanin Martins e Valeska Teixeira Zanin Martins
assinam nota neste sábado (15) e reforçam críticas ao ex-juiz.
Advogados de Lula, Cristiano Zanin Martins e Valeska
Teixeira Zanin Martins, em frente à PF em Curitiba / Ricardo Stuckert.
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Da Redação
Os advogados de defesa do ex-presidente Lula (PT), Cristiano
Zanin Martins e Valeska Teixeira Zanin Martins, publicaram uma nota oficial
neste sábado (15) para comentar os novos vazamentos de conversas do então juiz
Sérgio Moro com integrantes da força-tarefa da Lava Jato no Paraná em 2017,
revelados pelo The Intercept Brasil. Segundo eles, as novas mensagens
"mostram o patrocínio estatal de uma perseguição pessoal e
profissional".
"É inimaginável dentro de um Estado de Direito que o
Estado-juiz e o Estado-acusador se unam em um bloco monolítico para atacar o
acusado e seus advogados com o objetivo de impor condenações a pessoa que sabem
não ter praticado qualquer crime", prossegue o texto.
Conforme divulgado pelo The Intercept Brasil, Moro pediu ao
Ministério Público Federal (MPF) que fizesse uma nota desqualificando a atuação
da defesa de Lula, à época do primeiro depoimento do ex-presidente à Lava Jato
em Curitiba.
No próximo dia 25, o Supremo Tribunal Federal (STF) julga um
recurso que pode levar à liberdade de Lula, e um dos argumentos é justamente a
parcialidade de Moro no processo.
Confira na íntegra o texto assinado por Cristiano Zanin
Martins e Valeska Teixeira Zanin Martins:
"É estarrecedor constatar que o juiz da causa, após
auxiliar os procuradores da Lava Jato a construir uma acusação artificial
contra Lula, os tenha orientado a desconstruir a atuação da defesa técnica do
ex-Presidente e a própria defesa pessoal por ele realizada durante seu
interrogatório (10/05/2017). As novas mensagens reveladas ontem (14/06/2019) pelo
“The Intercept”, para além de afastar qualquer dúvida de que o ex-juiz Sérgio
Moro jamais teve um olhar imparcial em relação a Lula, mostram o patrocínio
estatal de uma perseguição pessoal e profissional, respectivamente, ao
ex-Presidente e aos advogados por ele constituídos.
É inimaginável dentro de um Estado de Direito que o
Estado-juiz e o Estado-acusador se unam em um bloco monolítico para atacar o
acusado e seus advogados com o objetivo de impor condenações a pessoa que sabem
não ter praticado qualquer crime.
É repugnante, ainda, constatar que a campanha midiática
ocorrida em maio de 2017 objetivando atacar a memória de D. Marisa Letícia Lula
da Silva tenha sido tramada pela Lava Jato, como também revelam as mensagens do
“The Intercept”.
Tais fatos, públicos e notórios, reforçam o que sempre
defendemos nos processos e no comunicado encaminhado em julho de 2016 ao Comitê
de Direitos Humanos da ONU: Lula é vítima de “lawfare” e o ataque aos seus
advogados é uma das táticas utilizadas para essa prática nefasta".
Entenda o caso
O então juiz Sérgio Moro sugeriu, em 10 de maio de 2017, ao
procurador Carlos Fernando dos Santos Lima a publicação de uma nota para
deslegitimar os argumentos da defesa de Lula. A conversa foi revelada nesta
sexta-feira (14) em mais um episódio da série de reportagens "Conversas
secretas da Lava Jato".
Ainda segundo o The Intercept, "essas conversas provam
que Moro estava sugerindo estratégias para que os procuradores realizassem sua
campanha pública contra o próprio réu que ele estava julgando".
Em um dos diálogos, a equipe da Lava Jato cita uma matéria
do Brasil de Fato sobre o depoimento de Lula em Curitiba (PR) em maio de 2017 –
o assessor que envia o link da reportagem sugere acompanhar a repercussão do
caso na "mídia independente".
Moro se pronunciou nesta sexta ao Estado de S. Paulo e
colocou em xeque a autenticidade das conversas. "Se quiserem publicar
tudo, publiquem. Não tem problema", disse.
Lima publicou uma nota nas redes sociais e também questionou
a veracidade do conteúdo divulgado. "Desconheço completamente as mensagens
citadas, supostamente obtidas por meio reconhecidamente criminoso, acreditando
singular que o 'órgão jornalístico' volte-se agora contra mim, aparentemente
incomodada pelas críticas que tenho feito ao péssimo exemplo de 'jornalismo'
que produz", disse. "Lembro, por fim, que a liberdade de imprensa não
cobre qualquer participação de jornalistas no crime de violação de sigilo de
comunicações", completou.
Confira a íntegra da sexta reportagem do The Intercept
Brasil: "A Defesa já fez o showzinho dela - Sergio Moro, enquanto julgava
Lula, sugeriu à Lava Jato emitir uma nota oficial contra a defesa. Eles
acataram e pautaram a imprensa".
Edição: Daniel Giovanaz
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