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quinta-feira, 18 de julho de 2019

Fome persiste e obesidade se tornou problema global, revela diretor-geral da FAO

José Graziano ressalta urgência de mudança no modelo de produção de alimentos e cita retrocessos no Brasil.

Pedro Biondi

Embora o número de famintos cresça pelo quarto ano seguido, o avanço acelerado da obesidade tornou-se a preocupação número 1 da segurança alimentar no mundo. A constatação é do diretor-geral da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), o agrônomo brasileiro José Graziano, que lança o novo relatório anual sobre o tema na segunda-feira (15) e conclui sete anos e meio à frente da entidade, vinculada à Organização das Nações Unidas (ONU).

Em entrevista exclusiva ao Brasil de Fato, Graziano alerta que a perda de poder aquisitivo tem levado populações vulneráveis a priorizar alimentos como farinha e arroz, ricos em carboidratos – e, portanto, em calorias – e pobres em proteínas e micronutrientes.

Os dois mandatos do brasileiro tiveram como prioridade a ênfase na promoção do acesso aos alimentos, bem como a busca por garantir que estes sejam saudáveis e cultivados de modo sustentável. O Fome Zero, que tirou o Brasil do Mapa da Fome e melhorou a condição de vida de milhões de famílias, contribuiu para esse objetivo. Graziano – cuja participação nessa iniciativa o credenciou para o posto na FAO – lamenta que o país venha deixando de lado o “afã cooperador”, especialmente no que diz respeito à África.    

O entrevistado, que passa o bastão em 1º de agosto ao agrônomo Qu Dongyu, ressalta a importância de um profissional oriundo da Ásia – em particular da China – assumir pela primeira vez a organização. Na avaliação do brasileiro, o sucessor é qualificado para enfrentar o cenário de crise nas relações multilaterais, mudanças climáticas e migrações.

Confira os melhores momentos da conversa:

Brasil de Fato: Quais as principais realizações do período em que esteve à frente da FAO e quais os desafios prioritários para cumprirmos os objetivos de desenvolvimento sustentável ligados a segurança alimentar e nutricional para 2030?

José Graziano: Quando tomei posse como diretor, a FAO era uma instituição basicamente dedicada a impulsionar a agricultura, dentro de uma ideia que é parte do paradigma da “revolução verde”, de aumentar a produção de alimentos como forma de acabar com a fome. A nossa experiência no Brasil – país que é um grande produtor e exportador de alimentos e que tinha muita fome até 2010 – mostrava a necessidade de se criar políticas de acesso ao alimento. Ter formas, como transferência de renda, Bolsa Família, inclusive para aqueles que não podem comprar. Foi isso que eu fiz na FAO.

Nós deixamos de buscar o aumento da produção a qualquer custo e passamos a priorizar produtos mais saudáveis, a levar em conta o impacto sobre o meio ambiente e outras coisas que hoje são óbvias, mas que não eram em 2012.

Um grande desafio que o meu sucessor vai ter é continuar nessa prioridade sem agravar todo o impacto, que nós estamos vendo, das mudanças climáticas sobre a produção agrícola. Hoje as secas destroem grande parte da produção. Quando não é seca é inundação, tempestade, furacão, etc.

Também há um desafio interno, de recompor o orçamento da FAO, que nos últimos dez anos tem crescimento nominal zero, e há uma grande crise do multilateralismo. Grandes países, grandes doadores estão se retirando de acordos importantes – o Acordo de Paris, vários acordos multilaterais como o de migração… Então, preservar o multilateralismo, preservar as instituições criadas para o Sistema Nações Unidas é um desafio dos maiores.

Em 2017, o número de pessoas subalimentadas chegou a 821 milhões, e o de obesas passou de 670 milhões. Em 2018, esses números voltaram a crescer? O Brasil retornou ao Mapa da Fome, como se temia?

Eu não posso antecipar os números que vão ser lançados segunda-feira [15]. O que posso te dizer é que a fome volta a crescer, [mas] muito pouco. É um aumento pequeno em termos globais no mundo. Uma das áreas mais afetadas por esse crescimento é a América Latina, devido à crise econômica que afeta a região. Os preços dos produtos agrícolas, os preços das commodities têm caído muito, e isso afeta os países que as exportam, entre os quais o Brasil.

Mas a grande preocupação não tem sido o crescimento da fome, e sim da obesidade. Eu posso dizer que ela já é o problema mais importante na região. O número de obesos é maior do que o número de pessoas passando fome não só na América Latina e no Brasil, mas também em outras regiões do mundo. Porque as pessoas estão comendo mal.

A crise econômica está reduzindo o poder aquisitivo, então as pessoas estão deixando de comprar produtos que são mais caros – como verduras, frutas, legumes – e estão comendo produtos mais baratos, como as farinhas de trigo, de milho, de mandioca, arroz… Muita caloria e pouca proteína, e também muita deficiência de micronutrientes, como zinco, como cálcio, vitaminas A e B.

Tem aumentado muito o problema de anemia nas mulheres e crianças. Em resumo, o Mapa da Fome continua praticamente inalterado, com pequenas pioras em algumas regiões, mas o mapa da má nutrição tem piorado muito. Cada vez mais, a preocupação vai para o lado de comer mal, inclusive no Brasil.    

Enquanto a FAO replicou mundo afora programas como o PAA [Programa de Aquisição de Alimentos], o PNAE [Programa Nacional de Alimentação Escolar] e o Pronaf [Programa de Fortalecimento da Agricultura Familiar], criados ou fortalecidos nos governos Lula (PT) e Dilma Rousseff (PT), o Brasil enfraqueceu-os (em alguns casos, boicotou) nos últimos anos. Outros países assumiram o lugar de vitrine de experiências bem-sucedidas na área?

Eu trouxe para a FAO muitos dos programas do Fome Zero, com muito sucesso. O de maior sucesso foi o de merenda escolar com compra da produção local de agricultura familiar. Essa possibilidade de você comprar produtos frescos no entorno escolar – leite, ovos, frutas – não só barateia e torna mais nutritiva a merenda como também injeta dinheiro naquele local, promovendo uma espécie de desenvolvimento local, um círculo virtuoso de produção e consumo.

Também trouxemos o programa 1 Milhão de Cisternas, que foi implantado com êxito no Nordeste do Brasil: coletar água da chuva e armazenar do lado da casa para ter água potável durante todo o ano nas regiões áridas. Nós o estamos levando para o Sahel, que é a região semiárida da África abaixo da região desértica.

Muitas tecnologias desenvolvidas também pela Embrapa [Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária]… E aquicultura, levando a experiência da tilápia melhorada não só para a Ásia como para a África.

O Brasil perdeu esse dinamismo, não tem o mesmo afã cooperador que tinha no início dos anos 2000. Diminuiu muito a vontade de cooperar, principalmente com os países da África. Há exemplos de outros países que estamos levando. Temos no Sahel um programa contra a desertificação que consiste em basicamente coletar localmente sementes dessas árvores que sobrevivem nas condições mais adversas, fazer viveiros de mudas e plantar um tipo de um cordão – nós chamamos de Green Wall, muro verde – para evitar o avanço do deserto.

Até que ponto um organismo internacional pode ou deve manter-se “neutro” diante de políticas regressivas? E como enfrentar problemas cada vez mais globais e urgentes em um cenário de desinformação deliberada e enfraquecimento das instâncias multilaterais?

O primeiro ponto é aceitar que alguns problemas não podem ser resolvidos no nível dos países. Se não houver instituições globais que ajudem, não serão resolvidos. O exemplo mais claro e objetivo é o da mudança climática, do aquecimento global. Se todo o mundo não cooperar, não vamos resolver – e, como sempre se diz, nós não temos um plano B, um “planeta B” para migrar.

Outros problemas que não vão ser resolvidos no nível de cada país são o das migrações e o da obesidade. Convencer os países é difícil. Todo mundo acha que “posso fazer o meu, resolvendo o meu caso está bom”.

Também nas relações bilaterais os países são muito limitados. Em geral, têm problema com os seus vizinhos. Então, é difícil cooperar. O vizinho está sempre desconfiado de que você quer alguma coisa. Caso típico, Brasil-Argentina. Quando entra uma terceira parte, em uma organização internacional que tem a obrigação de ser neutra, facilita. É o que chamamos, por exemplo, de cooperação Sul-Sul.

Como reduzir o consumo de açúcar, gordura, carne e ultraprocessados, e consolidar novos hábitos alimentares, diante de resistências culturais e lobbies tão intensos nos parlamentos e governos?

A promoção de uma alimentação de melhor qualidade passa por alertar o consumidor sobre os produtos que têm alto teor de açúcar, de sal, de gorduras saturadas e aditivos químicos – em geral, o que se chama produtos ultraprocessados. A FAO está promovendo a ideia de colocar uma etiqueta frontal de alerta neles. Isso tem tido uma oposição de certos ramos industriais, mas ela tem sido gradativamente vencida.

O Brasil fez, recentemente, um acordo com o setor industrial para reduzir o nível de sal. Foi considerado um acordo não suficiente, mas um importante primeiro passo. Falta fazer com o açúcar. Grande parte do problema da obesidade, principalmente entre as crianças, deve-se ao consumo dessas sodas, dessas gaseosas [refrigerantes e afins], que têm um nível de açúcar que chega a 40%. Já implantamos, por exemplo, no México, uma taxa maior para as bebidas não alcoólicas com mais açúcar. É insuficiente, mas é o caminho para o futuro. Taxar os produtos que têm um teor alto de açúcar, sal e óleos saturados.    

A China tem a maior população, responde como maior emissora de gás carbônico, é a maior produtora e consumidora de alimentos e emerge como a próxima potência mundial. O que significa ter um chinês à frente da FAO pela primeira vez?

O Dr. Qu Dongyu, que começa o mandato no dia 1º de agosto, é uma pessoa altamente qualificada. É PhD em Wageningen, a universidade agrícola número 1 do mundo, vice-ministro de Agricultura da China, tem uma grande experiência administrativa. Pode trazer um grande dinamismo em áreas como a da cooperação Sul-Sul, em que a China é líder, mas também em programas de combate à pobreza e à fome, em que o país também é um grande exemplo.

Vejo como muito positiva a chegada de um chinês à frente da FAO, até porque hoje, na organização, a gente sempre faz os números com a China e sem ela. O peso da China é de tal ordem, no combate à fome, por exemplo, que se você incluir a China os números caem, e se excluir, crescem. É um momento importante para um país da Ásia, especialmente um país que tem a liderança como tem a China, estar à frente da organização. Acho que ele será bem-sucedido.

Edição: Daniel Giovanaz

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