“Vamos viver nessa condição de um número médio acima de
1.000 ou 1.100 óbitos por muitas semanas, talvez por muitos meses"
Com vários estados flexibilizando a quarentena e sem nenhum
plano nacional para controlar as cadeias de transmissão do novo coronavírus, o
Brasil vai assistir, por várias semanas ainda, talvez por meses, o número de
mortes ultrapassar a casa das 1 mil vítimas diariamente. Para Alexandre Naime,
infectologista da Faculdade de Medicina da Unesp, o País provavelmente seguirá
os passos dos Estados Unidos e terá muito mais que 100 mil mortes por Covid.
“As previsões de comportamento de curva de pico não se
confirmaram e infelizmente o Brasil está vivendo a pior fase da pandemia, e
paradoxalmente as políticas públicas e o próprio comportamento da população vão
no sentido contrário, como se nós não estivéssemos vivendo uma tragédia
diária”, afirmou o especialista.
“Vamos viver nessa condição de um número médio acima de
1.000 ou 1.100 óbitos por muitas semanas, talvez por muitos meses, o que vai
levar a um número total de óbitos infelizmente trágico, provavelmente muito
superior a 100 mil óbitos”, acrescentou em entrevista à Agência Reuters,
divulgada na ultima terça (28).
O Brasil é hoje o segundo País mais afetado pela pandemia no
mundo, com 2,4 milhões de casos e 87.618 mortes.
Para o pesquisador Christovam Barcellos, coordenador do
Monitora Covid-19, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), as medidas adotadas por
governadores e prefeitos não foram suficientes para fazer a curva da pandemia
começar a cair. Não há “nenhum sinal de arrefecimento, de diminuição da
transmissão, isso é muito preocupante”, disse. “Um cenário possível é repetir
os Estados Unidos, que não é uma segunda onda, é uma onda em cima de outra
onda. Subiu, estabilizou e subiu novamente. O cenário não é bom.”
O Brasil registrou, na semana passada, uma média de 45,6 mil
novos casos de Covid por dia. Além disso, foram 1.096 óbitos por dia, na média.
Já são seis semanas seguidas com mais de 1.000 mortes diárias em média.
Com informações da Reuters
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