O antropólogo Gilberto Velho, 66, morreu na madrugada deste
sábado enquanto dormia, em seu apartamento, em Ipanema, zona sul do Rio. Ele
havia trabalhado normalmente até a tarde de sexta-feira. Suspeita-se que ele
tenha sido vítima de um AVC.
Doutor em Ciências Humanas pela Universidade de São Paulo
(USP), Gilberto Velho era o decano do Departamento de Antropologia do Museu
Nacional/UFRJ. Seu olhar sempre se voltou para temas da antropologia urbana e
da sociedade. Em um de seus últimos textos, publicado no blog que mantinha,
Velho discorre sobre a eficácia das UPPs (Unidades de Polícia Pacificadora) no
combate à violência no Rio.
"Até que ponto a presença das tropas pacificadoras,
policiais e/ou das Forças Armadas, susta a violência? Certamente contém as suas
manifestações mais evidentes, mas não tem condições de ir mais fundo, no
enfrentamento de suas raízes. Só um projeto contínuo envolvendo, sobretudo,
educação e trabalho, teria um potencial de, a longo prazo, superar a atração da
criminalidade. Pois esta, não nos iludamos, é um modo de vida associado a
aspirações, desejos e ambições, que correspondem a novos perfis e trajetórias
sociais", escreveu.
Gilberto Velho formou-se em Ciências Sociais em 1968 na
Universidade Federal do Rio de Janeiro e fez seu mestrado em Antropologia
Social no Museu Nacional, instituição ligada à UFRJ.
Em 1971 fez um curso de especialização em Antropologia
Urbana e Sociedades Complexas no Departamento de Antropologia da Universidade
do Texas, em Austin. Era membro titular da Academia Brasileira de Ciências
desde 2000.
É autor de diversos livros, entre eles "Nobres &
Anjos: um estudo de tóxicos e hierarquia" (1998) e "Mudança, Crise e
Violência: política e cultura no Brasil contemporâneo" (2002).
No Instituto Cultural Arte Brasil.
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