O vento, criatura inquieta, impaciente e sem limites de
fronteira não tinha paradeiro, vivia a perambular pelo mundo a fora em busca de
algo que pudesse preencher o vazio do seu coração. Corria por muitos lugares,
mares, rios, terras distantes, um mundo sem fim. De tanto procurar, um dia deu
de cara com o amor, esse sentimento estranho que se aloja e se abriga em nós
sem pedir licença e muito menos consentimento. Quis o amor se alojar no coração
do vento para nele soprar uma paixão avassaladora por uma linda orquídea.
Em suas andanças, carregava consigo o perfume da linda flor
suspirava e almejava o regresso para reencontrar a amada orquídea.
A orquídea, apesar de bela, tinha um mundo muito limitado,
vivia presa a um tronco de carvalho e desconhecia a paixão do vento por ela,
pobre flor, o mundo não lhe foi gentil.
Aos pés do carvalho estava o mar, carente e louco de amor
pela bela flor. Nutria pela orquídea uma imensa admiração e se extasiava com a
sua beleza. Buscava sempre uma maneira de despertar lhe a atenção.
O vento sem saber da paixão do mar pela orquídea, alegre que
estava, agitava o mar e o levava para perto da bela flor.
Flor de espécie rara tinha um brilho todo especial,
inebriante, contagiante, sensual, era terna e seu afago era desejado pelo vento
e pelo mar.
Vento e mar sonhavam um dia possuí-la, tê-la junto de si
para todo o sempre.
O vento a queria levar para os lugares mais distantes desse
mundo e o mar a queria levar para os confins do oceano.
O mar era capaz de tocar suavemente as pétalas da orquídea e
dela extrair para suas águas a essência mais profunda de perfume da pequena,
frágil e bela flor.
O mar em um momento de grande euforia confessou ao vento seu
amor pela orquídea e pediu que ele o levasse com sua força para mais perto de
sua amada, pois ele a queria arrancar e levá-la oceano afora.
O vento estremeceu e um frio tremendo o invadiu, o ódio e a
raiva o deixaram muito agitado. Impaciente e com medo de perder a chance de
conquistar sua amada fez sair dele um calor muito forte, impactante. Despiu-se
de suas vestes tranquilas, enfureceu-se.
Um furacão enorme balançou fortemente o mar que também se
agitou e os dois começaram a se chocar violentamente um contra o outro.
Esqueceram-se da frágil e bela orquídea que não resistiu aos
ataques de seus amados.
Morreu aos pés do vento e do mar.
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