O sol se escondia e lá vinha ele - sem viola na mão, mas o
coração recheado de histórias, estas que eu nem me lembro quantas vezes as
escutei.
Como se não bastasse a este homem narrar a história, deixava
as emoções transbordarem em diferentes entonações de vozes e sons.
Essa figura - Sr. Ludovico, era meu avô, homem de lutas,
poeiras e grandes cafezais perdidos num cantinho desse Paraná, estado que ele
tanto amou e adotou como o berço de sua história. Trabalhador rural,
desbravador, pioneiro da história de tantos rostos, raças e cores.
Homem não alfabetizado, mas que com seus pais aprendeu a
falar 4 idiomas - era capaz de se comunicar muito bem com qualquer pessoa, até
mesmo com o Papa como ele mesmo dizia. Meu primeiro gole de cerveja veio de
suas mãos; o batismo também. Cumpriu bem o seu papel de avô, ensinou-me a
manusear bem uma espingardinha de pressão e a acertar bem no meio de uma
tampinha de refrigerante, ou quem sabe a fruta mais distante do pomar do grande
e belo quintal de nossa casa.
Foi no seu fusca amarelo minhas primeiras tentativas no
volante - um fracasso total! Figurinha marcante era esse homem! Pés descalços,
andou por esta Terra durante 85 anos.
Deixou lições tão importantes que até hoje são lembradas por
todos de sua família e por todos que por ele passaram.
Fez do mato uma cidade e de sua vida um exemplo a ser
seguido.
Por Flávia Cristina Pagnoncelli Corrêa.
Linda homenagem ao Simples grande homem Ludovico
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