Em testes, nova imunização conseguiu reduzir pela metade os casos de malária em crianças entre 5 e 17 meses após receber a primeira imunização
Após o sucesso dos testes clínicos realizados em crianças africanas, a primeira vacina contra a malária pode chegar ao mercado já em 2015, informou nesta terça-feira (8) a farmacêutica GlaxoSmithKline (GSK).
De acordo com o grupo, que revelou os detalhes dos testes realizados, a vacina, conhecida como RTS,S, conseguiu reduzir pela metade os casos de malária em crianças entre 5 e 17 meses após receber a primeira imunização.
Os testes em questão foram realizados a partir da colaboração de várias instituições acadêmicas da África, Europa e Estados Unidos, entre elas a Universidade de Barcelona, na qual trabalha Pedro Alonso, uma referência na luta contra a malária.
Estima-se que cerca de 600 mil pessoas - a maioria menores de cinco anos - morrem a cada ano na África por conta deste mal que é produzido pelo parasita Plasmodium falciparum, cujos vetores são diversas espécies do mosquito do gênero Anopheles.
Diante dos encorajadores avanços alcançados na Fase III dos testes realizados, a GSK informou hoje que pedirá já no próximo ano à Agência Europeia do Remédio (EMA) uma permissão para comercializar a vacina RTS,S.
De acordo com a multinacional, a Organização Mundial da Saúde (OMS) já indicou que pode recomendar a RTS,S no início de 2015 se a mesma receber um sinal verde da EMA.
A GSK trabalha há anos em colaboração com a ONG PATH, enquanto as provas citadas contaram com o financiamento da Fundação Bill & Melinda Gates. Um porta-voz de GSK informou à Agência Efe que a farmacêutica forneceu US$ 350 milhões e a fundação Gates, por sua vez, outros US$ 200 milhões.
Em relação ao acesso da população a este fármaco, o porta-voz ressaltou que a GSK comercializará a vacina a preço de custo.
Os resultados destes testes clínicos serão apresentados hoje na cidade sul-africana de Durhan durante um simpósio especializado, embora os mesmos tenham sido adiantados pela farmacêutica britânica.
Os exames, que foram realizados em 11 centros de pesquisa em sete países africanos, buscou avaliar a eficácia desta vacina com relação à outras medidas tomadas para prevenir a doença, como o uso dos tradicionais mosquiteiros.
Desta forma, as provas mostraram que, 18 meses após a primeira vacinação, as crianças de entre 5 e 17 meses experimentaram uma redução de 46% da doença, levando em conta que a mesma pode ser adquirida mais de uma vez.
Ao mesmo tempo, as hospitalizações por malária apresentaram reduções de 42% durante esse período. Concretamente, os testes foram realizados em Gana, Burkina Fasso, Gabão, Quênia, Tanzânia, Malawi e Moçambique.
"A África registra cerca de 600 mil mortes ao ano por malária, principalmente de crianças menores de cinco anos", declarou hoje Halidou Tinto, o principal investigador e presidente do chamado Comitê de Ensaios Clínicos (CTPC, na sigla em inglês), que supervisiona a Fase III deste programa da RTS,S.
"Muitos milhões de casos de malária enchem nossas salas em nossos hospitais. Estão fazendo progressos com os mosquiteiros e outras medidas, mas necessitamos de mais instrumentos para combater esta terrível doença", completou o pesquisador.
Desde os anos 90 os cientistas buscam uma vacina eficaz contra a malária, mas, com exceção da RTS,S, nenhuma conseguiu obter resultados encorajadores até o momento.
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