O local onde os detentos trabalhavam tem muro baixo e fica na frente da Escola Curitiba, onde as três meninas assediadas estudam.
Os detentos trabalhariam no local sem o devido acompanhamento
Detentos em regime semiaberto trabalham na fábrica de tubos. Ao fundo é possível ver o muro da escola |
Pelo menos mais um preso pode estar envolvido no escândalo
de assédio e abuso sexual contra estudantes em Paranavaí. O caso veio à tona na
última terça-feira, quando presos do regime semiaberto, que prestavam serviços
no Instituto das Águas, foram denunciados pelo Ministério Público Federal. A
denúncia inclui um estupro, já confirmado por uma estudante de 12 anos.
Ontem, o delegado adjunto da 8ª Subdivisão Policial de
Paranavaí e presidente do inquérito, Gustavo Bianchi, informou que uma menina,
que não teve contato com os detentos, citou um terceiro preso envolvido no
caso. Ele teria tentado aproximação, o que é um leque para que outras meninas
possam ter sido assediadas e mais pessoas envolvidas.
Para confrontar as versões, as fotos dos detentos que prestavam
serviço no local serão mostradas para as jovens, visando um reconhecimento e
podem haver novos indiciamentos.
Também foram identificados três telefones celulares usados
pelos detentos para a comunicação com as meninas. Através dos números dos
aparelhos será possível saber a origem e a quem pertencem, informou o delegado.
Por enquanto as investigações apontam para dois presos, de
26 e 29 anos, que teriam condenação por tráfico. Ao todo 16 detentos em regime
semiaberto trabalhavam na fábrica de tubos do Instituto. Eles são da
Penitenciária Industrial de Maringá.
O grupo se deslocava para Paranavaí pela manhã e retornavam
para a penitenciária no final do dia. A Secretária de Justiça e Cidadania
determinou a suspensão do trabalho em Paranavaí por 15 dias.
O local onde trabalhavam, tem muro baixo e fica na frente da
Escola Curitiba, onde as três meninas assediadas estudam. Os homens
trabalhariam sem o devido acompanhamento, com liberdade inclusive para sair em
determinados horários.
Há relatos de vizinhos que os viam em estabelecimentos
comerciais. Hoje o corregedor do Departamento de Execução Penal (Depen), da
Secretaria de Justiça, Joran Pinto Ribeiro, estará na cidade para verificar as
circunstâncias dos crimes e detalhes das investigações.
ORIGEM DA DENÚNCIA - A denúncia foi feita na última
terça-feira pelo procurador federal em Paranavaí, Raphael Bueno Santos. O
procurador ficou sabendo da violência através de pessoas da comunidade. Elas
relataram casos de assédio dos presos às jovens. Bueno Santos fez palestras na
Escola Curitiba, originando os contatos na região da Vila Operária.
Os indícios tomaram forma com o depoimento de uma mãe. Ela
teve acesso ao telefone celular da filha e chegou a conversar com o acusado. O
suspeito tentou marcar encontros. A mulher então procurou a escola e relatou a
situação. O estabelecimento acionou a Patrulha Escolar e, a partir daí, o
desenrolar do inquérito na Polícia Civil.
A menina confirmou ter mantido relações sexuais com um dos
detentos, que nega qualquer contato. Mesmo que tenha sido consensual, o
relacionamento configura estupro presumido, conforme determina a legislação
(praticar sexo com menores de 14 anos).
A presença de detentos é questionada por lideranças, uma vez
que aquela região possui quatro estabelecimentos de ensino. Além da Escola
Curitiba, também se situam o Cecap, o Caic e a Escola Getúlio Vargas. Diretora
do Cecap, Líria Balestieri já havia manifestado preocupações, tendo, inclusive,
oficiado autoridades para a situação inadequada.
Anteontem no começo da tarde um homem foi ao instituto das
Águas e fez ameaças aos funcionários. Ele disse que iria buscar uma arma de
fogo e “meter bala em todo mundo”.
Após orientações e de posse das características, a equipe de
policiais militares fez buscas nas proximidades, mas não localizou os
suspeitos. A Polícia não informou se há relação com o caso de abuso sexual.
Mesmo que houvesse, os detentos não estavam no local.
Por Adão Ribeiro no Diário do Noroeste
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