Dória estava afastado dos palcos e da TV desde 2005, após
ter um AVC.
Carreira inclui mais de 80 participações em filmes, teatro e
novelas.
Morreu, aos 92 anos, o ator Jorge Dória, na tarde desta
quarta-feira (6). Ele estava internado desde 27 de setembro, no Centro de
Terapia Intensiva do Hospital Barra D´Or, na Barra da Tijuca, na Zona Oeste do
Rio de Janeiro. Segundo a assessoria de imprensa do hospital, ele morreu após
complicações cardiorrespiratórias e renais.
O corpo do ator será sepultado nesta quinta-feira (7), no
Memorial do Carmo, no Caju, Zona Portuária do Rio. O velório, na Capela 1, foi
confirmado para a noite desta quarta-feira, de acordo com a viúva do ator,
Isabel Cristina Gasparin.
Fileto Pires Ferreira, de 95 anos, é o único irmão vivo. Ele
tinha uma outra irmã já falecida. "Lamentamos muito. Deixa uma lembrança
cheia de vida e inteligência", disse Fileto. Ele lembrou da infância dos
dois e da atuação do irmão no teatro.
"Ele era dono dos cacos nas peças teatrais. Sabia o
momento e sempre fazia isso com grande talento e com alegria". Fernando
Gasparin, cunhado do ator, lembrou a lado alegre de Dória. "Ele fazia o
trágico virar cômico", recordou Gasparin.
Em 2005, Jorge Dória se afastou dos palcos e da TV por
problemas de saúde, decorrentes de um acidente vascular cerebral. Seu último
papel foi no humorístico “Zorra Total”, da TV Globo.
Início nos anos 1940
Dória iniciou sua carreira artística na década de 40. De
acordo com o depoimento que deu ao Memória
Globo, em 2002, sua estreia no
cinema foi no melodrama “Mãe”, de 1947, do radialista Teófilo Barros.
Com uma carreira que inclui mais de 80 participações em
filmes, teatro, novelas e seriados, o ator se destacou na comédia, na primeira
montagem de “A gaiola das loucas”, de 1974, baseado no texto do autor francês
Jean Poiret.
Na TV, o ator teve destaque em 1970, na extinta TV Tupi.
Três anos depois fez sua estreia na TV Globo na primeira versão da “A grande
família”, interpretando o funcionário público Lineu, hoje vivido por Marco
Nanini.
Homenagem exibida pelo programa “Vídeo Show”, em 2010,
mostrou que Dória foi o Ambrósio de “O noviço”, seu primeiro personagem em
novelas na Globo, em 1975. Em 1978, foi o protagonista de “O pulo do gato”. Era
o playboy decadente e mulherengo Bubi Mariano, famoso por frases como “Marilyn
Monroe, saímos algumas vezes”.
Em 1990, fez “Meu bem meu mal”. Outro personagem marcante
foi o Conselheiro Vanoli, da novela “Que rei sou eu?”, de 1989 (veja no vídeo
abaixo). A interpretação lhe rendeu o prêmio de melhor ator pela Associação
Paulista de Críticos de Arte (APCA).
Dória participou das novelas “Deus nos acuda”, “Era uma
vez”, “Olho no olho”, “Zazá” e “Suave veneno”. Por conta da fama de se dar bem
em comédias, foi convidado para participações especiais nos seriados “Sai de
baixo” (1998) e “Os normais” (2001), quando viveu o pai de Rui (Luiz Fernando
Guimarães).
No "Zorra Total", interpretava Maurição, pai
machista de Alfredinho (Lúcio Mauro Filho). Seu bordão era “Mas onde foi que eu
errei?”, em alusão ao fato de o filho se vestir de mulher, chamá-lo de “papi” e
usar gírias faladas por gays.
Teatro e cinema
No teatro, teve destaque em “Procura-se uma Rosa”, na década
de 60. A peça era escrita por Vinicius de Moraes, Pedro Bloch e Gláucio Gill,
com direção de Léo Jusi. Nos anos 70, ficou conhecido por produzir suas peças
(como “Freud explica, explica” e “O senhor é quem?”).
A década seguinte no teatro foi marcada por parcerias com o
diretor Domingos de Oliveira. Juntos, fizeram “Escola de mulheres” (1984),
"A morte do caixeiro viajante" (1986) e "Os prazeres da vida
segundo Jorge Dória". Estrelou também “Belas figuras” (1983), de Ziraldo,
e “A presidenta” (1988).
A carreira no cinema foi além de sua estreia em 1947. No ano
seguinte, trabalhou em "Inconfidência mineira", dirigido por Carmen Santos.
A filmografia de Dória tem ainda longas como “O homem do ano” (2003), “Traição”
(1998), “A dama do Cine Shanghai” (1987), “Pedro Mico” (1985), “O sequestro”
(1981), “Perdoa-me por me traíres (1980), “Assim era a pornanchanchada” (1978),
“As secretárias... que fazem de tudo” (1975), entre outros. Em “A dama do
lotação” (1978), viveu Dr. Alexandre, sogro de Solange (Sônia Braga), casada
com Carlos.
(Nuno Leal Maia).
Via G1
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