A menos de um mês das eleições bolivianas, pesquisa mostra vitória de Evo Morales no primeiro turno. Vantagem é de 40 pontos sobre o segundo colocado
Pesquisas indicam que Evo Morales deverá ser reeleito na Bolívia ainda no 1º turno (divulgação) |
O presidente da Bolívia, Evo Morales, do MAS (Movimento ao
Socialismo), que concorre a um terceiro mandato nas eleições de 12 de outubro,
tem 54% das intenções de voto, contra 14% do principal opositor, Samuel Doria
Medina, da UD (Unidade Democrata). A pesquisa foi realizada pela empresa
Equipos Mori, encomendada pelo jornal El Deber, de Santa Cruz de la Sierra.
O mandatário lidera a corrida presidencial em todos os
departamentos bolivianos, incluindo Santa Cruz – região mais desenvolvida
economicamente e que em 2007 liderou um movimento separatista –, onde tem 47%
dos votos, contra 24% de Medina, e em Beni, nicho eleitoral da oposição, onde
tem 36% contra 27%.
O levantamento foi realizado entre os dias 1º e 13 de
setembro com 2.410 pessoas maiores de 18 anos. A margem de erro é de 2,2 pontos
percentuais. A Constituição boliviana diz que um candidato não precisa ter a
maioria absoluta nas eleições para vencê-la no primeiro turno, sendo necessário
somente ter 10 pontos de diferença sobre o segundo colocado.
Assim, o mandatário seria reeleito com folga no primeiro
turno. Mais de seis milhões de eleitores deverão comparecer às urnas no dia 12
de outubro para escolher presidente, vice-presidente, 36 senadores e 130
deputados.
Além de Evo e Medina, outros três candidatos disputam a
presidência: Jorge Quiroga, do Partido Democrata Cristão, com 7% das intenções
de voto; Juan del Granado, do Movimento sem Medo, com 3%, e Fernando Vargas, do
Partido Verde, com 1%.
A alta aprovação da gestão Morales é creditada pelo
boliviano Katu Arkonada, da Rede de Intelectuais em Defesa da Humanidade, às
obras realizadas no país, como construção de estradas, escolas, aeroportos,
implantação de gás doméstico, “à melhora das condições materiais decorrentes da
nacionalização dos hidrocarbonetos e a redistribuição da riqueza”, escreveu em
artigo publicado pela Adital. Arkonada também menciona o aumento real do
salário mínimo como política positiva que se reflete na popularidade do líder
indígena.
O caráter “desenvolvimentista” de Evo, no entanto, provocou
críticas de alguns setores indígenas que o acusam de querer acabar com o
caráter autonomista outorgado aos povos originários pela Constituição do país.
Samuel Doria Medina
Economista e empresário do setor de cimento, o principal
opositor de Evo Morales concorre à presidência pela terceira vez. Nas propostas
de governo, a mais controversa defende a iniciativa privada e propõe uma
repartição igualitária com o Estado dos lucros gerados pela exploração,
utilização, transporte e comercialização de recursos naturais. De acordo com
sua própria definição, é um candidato de centro-esquerda.
Na adolescência, Medina militou no MIR (Movimento da
Esquerda Revolucionária), de quem era o “ideólogo econômico”. Foi ministro de
Planificação do governo de Jaime Paz Zamorra (1989-1993). Após a adoção de
políticas para a abertura da economia ao mercado e privatizações, ocupou cargos
no Banco Mundial e no Banco Interamericano de Desenvolvimento.
O partido Unidade Democrata, criado por Medina, propõe a
criação de uma frente ampla para derrotar o MAS nas urnas, por considerar o
partido de Evo esgotado.
Outro aspecto controverso da campanha está o posicionamento
de Medina sobre a folha de coca. Considerada sagrada e parte integrante da
cultura andina, Medina propõe “aplicar uma estratégia antidroga desde a
produção até o consumo, capaz de oferecer soluções (…), gerando alternativas à
plantação de folha de coca”. Movimentos de cultivadores da planta temem que,
com uma possível eleição de Medina, a Administração para o Controle de Drogas
(DEA) volte a operar no país. Ela foi expulsa em 2013 por Morales.
Nos últimos três anos, o cultivo de coca na Bolívia se
reduziu 26%, segundo relatório da agência das Nações Unidas contra as drogas e
o delito, a UNODC.
Vanessa Martina Silva, Opera Mundi
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